HQ: As Grandes Aventuras do Mickey ainda nas bancas! [Paul Murry]

Dei uma passada numa banca de jornal na última sexta-feira e percebi que o encadernado especial do Mickey continua à venda então resolvi fazer o post da HQ, atrasadíssimo, mas melhor tarde do que nunca. O especial do Superpato 40 Anos também estava na banca, mas só havia uma única e solitária unidade, o que me deixou feliz, pois realmente torço para que ela tenha se saido melhor que a do Mickey, o que aumenta as chances de quem sabe no futuro existir mais um encadernado com o alter-ego heróico do Donald. Não que o Mickey não seja legal, e já explico mais sobre o personagem.

O especial do camundongo da Disney não específica exatamente em sua capa do que se trata de um especial dedicado à um grande Mestre Disney da época de ouro das HQs e até mesmo de uma das melhores fases do Mickey, o grande Paul Murry. E os brasileiros gostam mesmo de Murry, afinal seus clássicos já vinham sendo republicado na extinta Aventuras Disney, sempre recebendo elogios dos fãs e leitores seja naquela parte de cartas das revistas ou até mesmo na comunidade de fãs na internet. Mas eu quero fazer uma pequena crítica nesse espaço. Não que não goste de Murry, mas o caso é que muitos dos elogios tecidos ao desenhista são por causa das histórias do “Mickey detetive/policial” e isso não é exatamente um mérito de Murry, pois ele não é o responsável pelos roteiros, por exemplo, de nenhuma das histórias desta edição. Paul Murry é um desenhista, um excelente desenhista, mas o mérito dessa fase do Mickey, pertence uma boa parte aos roteiristas e não apenas ao desenhista. Talvez Paul Murry tenha todo esse hype porque muitas de suas histórias não tem no inducks a indicação dos roteiristas, o que vocês podem perceber neste encadernado, o que deixa Murry com todos os méritos pela história.

Mickey tem ótimas aventuras de mistério, suspense, de detetive e policial feitas por centenas de outros grandes roteiristas e desenhistas e não apenas de Murry. O especial é interessante porque percorre décadas do trabalho desse desenhistas e nele podemos perceber que Murry tinha suas fases, até o traço mais característico com as histórias italianas que alguns leitores fazem careta e outros adoram tanto (como eu), mas também tem traços ora com os dos estúdios da Dinamarca e até mesmo ao estilo americano que existia na década de 50/60/70 quando os quadrinhos ainda estavam em alta por lá. Murry passou por muitos traços ao longa das décadas e o engraçado é a quantidade de diferentes chápeus o camundongo usa ao longo de todo o encadernado, sendo que não há uma em que ele não esteja com algum acessório na cabeça. XD

Um último detalhe, apesar do especial ser dedicado a Murry, a capa é o único detalhe que não foi feito pelo desenhista. A capa foi desenhada em 2008 por Alessandro Perina. Aos mais hardcores, isso pode sair estranho, pois é um Mickey Italiano que não existe dentro do volume. Me pergunto se o próprio Murry não produziu uma única capa ao longo de décadas trabalhando na Disney que não pudesse ser reciclada/aproveitada nesse especial.

E vamos a lista de histórias do especial, após o continue, porque ficou grandão a matéria ;-):

* Na Legião Estrangeira (26 Páginas) 1954 – A maior parte das histórias deste especial eu nunca tive a oportunidade de ler, porque ou foram republicadas pouquíssimas ou até mesmo nunca republicadas e porque a maioria delas são antiquíssimas. Decididamente esse especial não é exatamente para novatos em quadrinhos Disney, pois corre o risco de acharem as histórias ultrapassadas e realmente pode ser que sejam, mas clássico é clássico, não dá para negar. A primeira história do volume é a mais antiga, vindo direto da década de 50. Uma pena que nesse tempão que ela foi feita, até hoje não tenham encontrado o roteirista da mesma para que ele receba seus créditos. Essa aventura na Legião Estrangeira já apareceu duas vezes no Brasil no passado, uma na velha revista “O Pato Donald” de 1955 e a outra em 1988 no especial de 60 Anos do Mickey. Gozado que nesta de 60 anos, ela saiu no volume de histórias da década de 30 e 40, sendo que foi feito também um especial para a década de 50 e 60. Mas a revista foi lançada na década de 80, né? Sem internet e Inducks não devia ser fácil controlar todas estas histórias feitas no mundo inteiro.

* Em Busca do Selo da Fortuna (24 Páginas) 1956 – Olha só! Duas capinhas, uma de 1964 e uma de 1980 para promover essa aventura. Claro que a mais nova ficou bem mais bacana.  Esta história ainda voltou a ser republicada em 1989 em mais uma revista do Mickey, mas não chegou a ganhar outra capa. Ótimo roteiro de Carl Fallberg, que alias, também assina vários outros roteiros desse encadernado, ficando meio ofuscado por Paul Murry. Típica, mas ótima história com Mickey e Pateta situada numa ilha tropical, no caso, a ilha banana. Não é algo totalmente inovador, pois sabemos que existem milhares de histórias com Mickey e Pateta em ilhas e selvas, mas ainda assim é uma boa aventura certamente.

* A Bola de Cristal (15 Páginas) 1957 – História rara, publicada uma única vez no Brasil em 1958 na revista “O Pato Donald”. Mickey e Minie e uma bola de Cristal. Na verdade eu nunca gostei da Minie, acho que até hoje não existiu um único desenhista na Disney que tenha conseguido dar uma personalidade de verdade para a ratinha. História com roteiro de Carl Fallberg novamente.

* Piratas Modernos (14 Páginas) 1959 – Quando a história foi publicada aqui no Brasil pela primeira vez em 1962 ganhou esta capa a esquerda. Hoje em dia soa estranho uma história chamada “piratas modernos”, porém ela foi produzida à mais de 50 anos atrás, não acham? Uma história bacana, com Mickey e seus sobrinhos Chiquinho e Francisquinho. Sem Pateta, que certamente faz toda a diferença como parceiro do camundongo. Fica aquela sensação de Arroz sem Feijão. Mais uma história assinada por Carl Fallberg. Ela também já chegou a ser republicada em 1976 numa Disney Especial dedicada à histórias de Piratas.

* No Tempo das Diligências (12 Páginas) 1962 – Antes de mais nada, preciso dizer que achei muito bacana a capa ao lado, de 1978, que foi quando a história apareceu pela primeira vez no Brasil. Capas de Faroeste são raras hoje em dia, é realmente um período que ficou no passado e hoje em dia, só histórias assim para imaginarmos como foi esse período, que é bem mais da cultura americana do que na nossa. O que não quer dizer que ainda assim não possamos imaginar como era nos tempos do velho oeste. História chegou a sair mais uma vez aqui no Brasil em 1992, curiosamente numa revista do Zé Carioca.

* O Canto do Dodô (08 Páginas) 1963 – Mais uma história que foi publicada somente uma vez no Brasil, também numa revista do Zé Carioca em 1963. Não tenho muito o que comentar nesta história. Mickey e Pateta estão atrás do extinto pássaro Dodô pelos mares do sul. Pateta sempre em seu bom humor. E os bandidos sempre atrás dos heróis, senão não seria uma grande aventura.

* O Segredo dos Antigos Incas (22 Páginas) 1963 – Essa é uma história bem rodada, que curiosamente nunca saiu numa edição da revista do Mickey. Saiu pela primeira vez na revista do Tio Patinhas de 64, repetiu a dose por duas vezes na década de 80 na Disney Especial e Especial Reedição e por, último em 1991 no especial Anos de Ouro do Tio Patinhas. Um excelente aventura, gosto bastante dessa história. Uma bela lembrança para o encadernado. E apesar dessa história parecer meio italiana no encadernado, pelo espaçamento maior dos quadros e do colorido típico da Itália, quem for olhar os originais no Inducks, percebe que originalmente não era assim. Por que foi selecionado essa versão? Não faço idéia, mas eu gostei. Dá um ritmo diferente para o especial. Alias essa história tem 22 páginas na versão publicada no Brasil, contra 24 do original. O que perdeu? Provavelmente nada. Na verdade olhando pelo Inducks parece que a história originalmente era cortada em 3 partes, no reenquadramento para deixar tudo junto, sem precisar cortar em partes, economizaram 2 páginas. Sei lá.

* Os Piratas do Fundo do Mar (14 Páginas) 1967 – Outra história rara, nunca republicada no Brasil. Usada em 1967 na revista do Zé Carioca. Participação especial do Prof. Pardal, personagem mais recorrente nas histórias da família Pato do que nas do Mickey. E novamente o encadernado usa a temática de Mar na aventura, algo bem comum nas velhas histórias do Mickey, já que a rotina diária do personagem em Patópolis em geral não gera grandes aventuras, com suas exceções é claro. Com o Donald é diferente, porque ele sempre está ali na cidade arranjando confusão.

* O Estranho Feitiço da Marcha à Ré (24 Páginas) 1968 – Mais uma história um pouco rodada. Na verdade é uma boa história, até entendo porque colocá-la no especial de Murry. Tem essa capa bem tosca de quando foi publicada aqui pela primeira vez, no mesmo ano que em foi produzida. Mas depois apareceu na década de 80 em Disney Especial e Especial Reedição. Foi usada também em 2005 na Aventuras Disney 3 e por isso já a conhecia. Mais uma boa idéia de roteiro feita por Carl Fallberg. Alias o Professor Gavião sempre foi um ótimo vilão Disney, uma pena que nunca foi tão famoso como um Bafo-de-Onça ou um Mancha Negra. Ele funciona muito bem como um Prof. Pardal do lado negro da força.

* Troca de Cestos (08 Páginas) 1975 – Mais uma boa escolha para o especial pois mais uma vez trata-se de uma história que nunca foi republicada até então. Mais uma história que saiu numa revista do Zé Carioca de 1976. Com Minie, Mickey e Pluto. Gosto do Pluto, apesar de achar que em geral os artistas da Disney trabalham com histórias bem ruins com o animal de estimação do Mickey. Pluto sempre se sai bem quando resolve compartilhar alguma história com bandidos, sempre auxiliando o Mickey. Uma pena que tramas mais complexas não costumem utilizar o fiel escudeiro de Mickey.

* Muitos, Muitos Monstros (08 Páginas) – História criada em 1984 por Paul Murry, porém nunca publicada e esquecida no tempo, até ser resgatada em 2004 pelos estúdios da Disney na Dinamarca. Bacana, não? História inédita aqui no Brasil. Uma das últimas criações de Murry, que faleceu 5 anos depois em 1989. Mickey e Pateta tentando solucionar um mistério envolvendo um monstro no Parque Nacional de Patópolis.

* A Casa dos Sonhos (08 Paginas) – Mesmo caso da história acima. Criada em 1984 e resgatada em 2004 e também inédita no Brasil. esta eu achei mais chatinha. É como eu disse mais acima, Minie jamais será um parceiro de história tão bom para o Mickey quanto o Pateta é. Fico com a inédita acima que é bem mais legal. Entretanto achei ótimo a Editora Abril ter colocado no especial 16 páginas inéditas no especial. Com certeza é um charme necessário para atrair os fãs, sem mencionar que trata-se de um material resgatado, o que fica ainda mais especial no caso.

E assim termina a seleção de histórias de As Grandes Aventuras de Mickey. Espero que na próxima, se houver, os leitores não façam tanta questão assim de serem história de Paul Murry. Particularmente acho que o Giorgio Cavazzano é tão clássico quanto Murry, apesar de não tão antigo assim, e com um acervo de histórias infinitamente mais divertidas e até mais atuais. Adoraria ver um especial dele, não esquecendo que alguns anos atrás antes da excelente Mestres Disney, ser cancelada, Giorgio ganhou uma edição própria que ficou fenomenal.

As Grandes Aventuras Disney continua nas bancas, tem 196 páginas com o melhor de Paul Murry e custa R$ 8,95.

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