O ritmo não para: Kekkaishi mostra mais de seu universo e a qualidade só aumenta! [Vol. 3] [MdQ]
Ainda bem que li Buso Renkin #2 antes de pegar Kekkaishi #3 pra debulhar, caso contrário seria meio cruel fazer uma comparação entre eles no MdQ de Buso. Kekkaishi, acho que posso dizer, surpreendeu a todos por sua qualidade. Ou alguém que começou a acompanhar se arrependeu? Eu sinceramente fico cada vez mais impressionada com o mangá, tanto que fica até chato escrever mais um Mesa dos Quadrinhos só de elogios, mas vamos lá, né!
O conceito de “lutar com barreiras”, assim, dito sem um outro contexto por trás, não soa chato e paradão? Uma escolha muito bizarra de técnica de luta essa que a Tanabe fez, mas deu muito certo. No próprio volume 1, sua utilização como armas de esquartejamento já tinha mostrado que potencial havia, e no 2 vimos a primeira luta em grande escala, podendo comprovar que aquilo de fato funcionava. Esse terceiro volume apresenta ainda mais situações diferenciadas, e as lutas estão cada vez melhores.
Começando pelo índice, quando li os títulos dos três primeiros capítulos, “O Dia a Dia de Yoshimori”, partes 1, 2 e 3, desanimei pensando que seria um daqueles períodos em que os shonen mostram, digamos, a escola ou o que quer que seja a vida normal do protagonista, mas em Kekkaishi foi diferente. O treinamento com a pedra de ferro já começou mostrando o que as barreiras podem fazer, e como estão ligadas com quem as faz. Aguentar o peso da pedra caindo depois de ser levantada pareceu até uma musculação para Yoshimori, que no entanto controlava tudo de longe.
A ayakashi de gelo foi demais! Aquele bichinho minúsculo que de repente cria um projétil mortal capaz de arregaçar com a barreira que Yoshimori treinou tanto pra fortalecer, a mostra (mais uma vez) da habilidade da Tokine de controlar o tamanho e a precisão de suas barreiras e o desfecho com uma defesa combinada dos dois que ricocheteou o projétil. Acho que a melhor parte desse sistema de luta inusitado é o fato de que a gente nunca tá esperando o que vai acontecer a seguir. Lutas de espadas e técnicas estilo Kamehameha/Rasengan a gente já viu aos montes, então em situações de tensão como a desse momento do mangá, várias possibilidades diferentes surgem em nossas mentes, e normalmente acertamos ao menos uma. Mas em Kekkaishi não, porque não fazemos a menor ideia de até onde vai o poder dessas coisas.
A determinação de cada protagonista em ficar mais forte, cada um por seus motivos, já tá bem consolidada, e cada um se foca no seu tipo de treinamento mais adequado. De pouco original, só mesmo fato do Yoshimori ter “poder de sobra”, o que já vimos com o excesso de chackra de Naruto ou com a enorme reiatsu de Ichigo (o tamanho da espada), isso só em exemplos mais famosos, mas acho que é sempre válido, porque o protagonista tem que ser assim mesmo… ninguém pensaria no Ishida como protagonista de Bleach, né? Essa coisa mais metódica e certeira fica pros companheiros mesmo. XD
Depois do treinamento e da ayakashi de gelo, temos uma ampliação do universo conhecido do mangá: os cães. Kouya aparece e desencadeia a liberação do selo de Madarao (Ginro?!), e caramba! Que monstros são aqueles?! Achei fantástica a luta de gigantes, o uso da cauda como principal forma de ataque e a relação entre os dois animais. Num animê, seria legal ver o passado de ambos na montanha em que viviam, e o momento da morte de Kouya até poderia tirar algumas lágrimas. Muito angustiante o processo de “reselar” também, Tanabe conseguiu passar uma sensação bem verdadeira de dor com os quadros em que Madarao se contorce todo. Esse momento também serviu como uma espécie de iniciação, como se através desse evento é que Yoshimori de fato tenha se tornado dono de Madarao, como quando se doma um cavalo selvagem montando em cima até que ele desista, sabe? Me lembrei disso na hora e achei bem tocante.
Uma coisa que eu não tinha notado são aquelas bolas que ele tem no rabo… Peguei os outros volumes pra conferir e de fato já existiam, mas a autora não desenhava em todos os quadros; achei que ficou mais marcante dessa vez, mas talvez seja porque tivemos vários capítulos só pra ele, né.
Ainda dá pra destacar o nenshi, novo tipo de barreira em forma de fio, que com certeza há de ser útil em mais de uma situação! Muito bom mesmo ver que elas são bem maleáveis; até prender alguma coisa se enrolando em torno dela, como Yoshimori fez para amortecer o ataque final de Kouya, foi novidade, mas o que mais gostei de ver mesmo foi a descoberta da elasticidade por Yoshimori, que nem tinha pensado nisso. O resultado dessa ficha que caiu, aplicado na pedra do treinamento, fez um estrago bem considerável.
E aí, pra descontrair o volume lotado de batalhas, temos o capítulo final, “O Demônio Negro”, hahaha, uma barata! A autora desenha as lutas de forma muito fluida (o maior problema do qual Buso Renkin sofre), pra não dizer que seus traços já são extremamente agradáveis, e além disso sabe trabalhar muito bem com comédia. O visual do Yoshimori “confeiteiro” é bem diferente, com o cabelo pra trás, acho legal. No final do volume, na historinha extra sobre a criação de Kekkaishi, me lembrei novamente de Bakuman. Acho tão interessante ler sobre o processo criativo! Também queria saber de onde os mangakás tiram seus auto retratos… o pinguin da Tanabe é até bem normal perto de uns outros que vejo por aí.
E com isso, ficamos no aguardo do volume 4! “O longo caminho de volta pra casa…” e um homem de costas. Aquela flor é o símbolo da Urakai, mas o que isso quer dizer?