The Blacklist | De repente… acabei o primeiro ano?!

Sabe aquele tipo de série que você acompanha apenas por acompanhar? Para matar tempo enquanto a sua série favorita não é exibida porque está em hiato, ou quando precisa de algo na televisão fazendo barulho enquanto faz algo mais importante. Então, The Blacklist se encaixa nessa definição de entretenimento, ou ao menos em parte.

De fato, se a memória não estiver errada, comecei a ver esta série por uma recomendação em uma das edições do podcast do Braincast, há muito tempo atrás. Mas outro fato que somou a decisão de acompanhar foi por causa do ator James Spader, que é genial nestes personagens canastrões, sendo que um de seus maiores sucessos na TV foi The Practice e o spin-off Boston Legal, onde ele interpretava um personagem justamente com essa canastrice.

E, infelizmente, eu não acompanhei essa fase de ascensão do ator nestas séries mencionadas e aí uma coisa ligou a outra. Resolvi ver seu personagem em The Blacklist, do que ter o trabalho, na época, de caçar estes seriados mais antigos pela web. O bacana é que Raymond “Red” Reddington é um personagem criado especificamente pensando na interpretação do ator. Não dá para imaginar o personagem nas mãos de outro. Então é um bom fator para dar peso e fama ao seriado.

A estrutura… e seus problemas.

Bem, The Blacklist estreou em setembro de 2013 nos Estados Unidos, pelo canal da NBC. Hoje, a série já conta com 2 temporadas completas, somando 44 episódios, e a terceira está prevista para começar agora no próximo mês de outubro.

A premissa da série é instigante. Esse personagem, Raymond Reddington, é um criminoso internacionalmente famoso, que está na lista dos 10 mais procurados do FBI. Um dia como qualquer outro, Reddington simplesmente chega a sede do FBI em Washington e se entrega, assim do nada. Claro que com a maior cara lavada e debochada que o ator sabe fazer tão bem.

Aí tem a pegadinha de Reddington. Ele propõem uma parceria com o FBI, para caçar uma lista de foragidos e procurados ainda mais perigosos do que ele. Ele entregaria todos estes grandes tubarões que o FBI nunca encontraria em qualquer outra situação. Para isso, ele pede apenas duas coisas: imunidade e que só trabalhará com uma agente chamada Elizabeth Keen, uma novata no FBI e que ninguém conhecia naquele momento.

Nisso surge esse conceito da Blacklist, a lista dos mais perigosos do mundo, indo de chefões de organizações, assassinos profissionais, grandes agentes de corrupção e assim por diante. E Reddington está caçando todos, por motivos que nunca ficam 100% claros e o FBI sabe disso, mas cavalo dado né…

No geral The Blacklist tem uma premissa incrível. Se fosse um filme para os cinemas, não tenho dúvida que seria um grande blockbuster de verão. O grande mal é que a série cai na preguiça da velha fórmula dos enlatados americanos: ela é procedural, ou seja, tem uma metodologia narrativa que se repete em quase todos os episódios da temporada, ao menos esta primeira que terminei neste final de semana.

São episódios com histórias fechadas, sempre envolvendo um membro da Blacklist por “episódio da semana”, seguindo aquele clichê do ritmo de séries investigativas. Surge uma pista, geralmente dada pelo Reddington, os agentes correm atrás, e começa o jogo de gato e rato, enquanto o vilão vai deixando migalhas e corpos ao longo do episódio em si e no final, ele é capturado ou morto.

Nesse meio tempo a história de fundo vai sendo trabalhada. Você vai conhecendo os personagens, vai entendendo que há motivos e mistérios na relação de Reddington e da agente Keen, e que o próprio Reddington tem motivos para fazer o que está fazendo e a série usa muito o poder da manipulação para fazer estes enigmas funcionarem, Reddington é um manipulador nato.

A grande história de fundo é excelente, mas o que mata a série é justamente esse formato engessado, somado ao fato dela ter 22 episódios por temporada. Não precisaria ter realmente tudo isso. Boa parte dos episódios são de encheção de linguiça, aquele formatinho semanal que você assiste justamente fazendo alguma outra coisa.

Mas por que então o “de repente” no título dessa resenha? Bem, como disse, estava assistindo a série de forma bem esporádica, até que cheguei aos episódios finais da primeira temporada e de repente o ritmo da série muda e me pego preso a uma mini maratona para terminar o primeiro ano. E de repente, estou satisfeito com a série.

Quer dizer, ela não se tornou ótima, mas meio que valeu a pena deixá-la rolar nos momentos chatos e conseguir chegar ao final do primeiro ano. Agora verei a segunda temporada um pouco mais animado. No geral a série foi me ganhando ao poucos.

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Quer pular a gordura? Veja estes episódios…

Se eu tivesse que relacionar os momentos chaves do primeiro ano, para quem quiser dar uma olhada. Diria para assistir aos episódios 1 e 2 (Pilot e The Freelancer), pois aqui estabelece os parâmetros da série e você passa a conhecer os personagens.

Depois disso, tem os episódios 5 e 6 (The Courier e Gina Zanetakos) se estabelece outro ponto chave da trama, na qual envolve o marido da Elizabeth Keen, Tom Keen. Esse plot só será resolvido no final da temporada, mas o bacana aqui é que a série consegue te deixar com um nó na cabeça quanto a essa ponta da história. Já no episódio 8 (General Ludd) há um outro gancho que vai se desenvolver homeopaticamente ao longo de toda a temporada envolvendo o pai da Elizabeth, mas é importante para o final do ano 1.

E a partir dos episódios 9 e 10 (Anslo Garrick) é que a série toma alguns rumos bem impressionantes. A invasão a sede do FBI, a morte de um personagem, um Reddington bem diferente do que vinha se apresentando até então e dois episódios tensos e diferentes da fórmula estabelecida. Foi nesse ponto em que fiquei convencido a não abandonar a série. Se não fosse estes episódios, provavelmente não teria ido até o fim.

Entretanto é depois destes episódios vem uma enxurrada de episódios de gordura desnecessária. Se não estiver com saco pra isso, meio que vá para o episódio 18 (Milton Bobbit) e aí sim veja até o fim, terminando no episódio 22 (Berlin Conclusion) a primeira temporada. Vai ficar uns buracos vendo assim, mas são meio que sem importância. O melhor da série você pegou.

Boa pra se ver sem compromisso…

No geral, The Blacklist me lembrou um pouco de Alias (lembra dessa série? Com a Jennifer Garner). Apesar de que ambas tem muitas coisas diferentes, mas as protagonistas femininas tem essa coisa de passado misterioso, a vida invadida por mentiras e traições, e figuras paternas que não são o que dizem ser. Mas The Blacklist não tem nada de sobrenatural como Alias inventou de ter depois de um tempo.

E curto um bom mistério e com quebra cabeças espalhados ao longo de uma temporada. Saio do primeiro ano satisfeito com o que vi, mesmo com toda a gordura que passei, mas não me incomodou justamente por estar assistindo estes episódios nesse modo multitarefa, sempre fazendo algo em conjunto.

É uma boa dica para quem procura uma série assim. Sem compromisso, sem pressa e que não precisa te deixar sem fôlego ou maluco para ver tudo em uma maratona ou até mesmo andar junto com a exibição americana. É uma ótima série para matar o tempo, na qual você eventualmente é recompensados com ótimos episódios.

E novamente, James Spader é foda. O personagem dele aqui é animal. É um criminoso que você torce a favor. Com diálogos sempre inteligentes, enigmáticos e sarcásticos. Há um momento nessa temporada onde ele sai caçando um traidor e uau, que foda quando ele o encontra. Ele tem cenas incríveis espalhadas por toda a série. Quem é fã do cara, obviamente vê a série só por causa disso. Aposto.

Deixo a indicação da série aqui no site, porém todas essas ressalvas. Há problemas na fórmula e no modelo, entretanto, há ao menos um personagem extraordinário (somado a outros que são apenas OK) e um mistério e um plot que te prende quando a série resolve trabalhar nele. Felizmente, os pontos positivos nessa maratona que fiz do fim do primeiro ano foram empolgantes o suficiente para me levar para a segunda temporada assim que precisar dela para matar o tempo entre outras séries que acompanho.

E o melhor, as duas temporadas estão completinhas e disponíveis no Netflix. É só clicar e assistir! Não tem coisa melhor! Bem, claro que tem, mas você me entendeu. É isso!

James Spader interpretando um excelente personagem!
A trama e o mistério de fundo da série te prende em momentos chaves
Há episódios excepcionalmente fantásticos, para uma série procedural
22 episódios é muito pra série, resultando em uma temporada cansativa
Piora muito quando fica apenas no criminoso da semana.
Se você chegou ao final da 1ª temporada, vai querer ver o ano 2

Raymond Reddington é um excelente personagem, preso em um seriado com um formato já arcaico.

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