Raging Justice | Porrada na criminalidade! (Impressões)

Raging Justice é um game do gênero ação, 2D e beat ’em up (briga de rua) desenvolvido pela MakinGames e publicado pela Team17 que foi lançado no dia 08 de Maio de 2018 para Xbox OnePS4Nintendo Switch e PC. A versão utilizada para este review foi à de Xbox One.

O game saiu um pouco fora da onda de ter modo multiplayer online e concentra-se no jogo single player e no multiplayer local de sofá, o que não é necessariamente ruim, já que podemos nos reunir com mais 2 amigos e jogar o jogo inteiro desta forma. Apesar do fato de ter que reunir os amigos na sua casa para jogar não ser tão fácil hoje em dia quanto na época de criança, certamente ainda há valor em tal possibilidade.

MakinGames tem um amor pelos beat ’em ups de rolagem de antigamente, e há vários elementos em Raging Justice que confirmam esse fato. Isso também serve como um lembrete da principal características dos games de antigamente: simplicidade. Um jogo como este não precisa de truques, desafios ou talvez um estilo de arte diferente. Não há uma reviravolta ou complexidade em suas mecânicas que tornam mais complicados do que acessíveis a qualquer tipo de jogador.

Aqui há simplesmente o combate rápido e atraente. E, cá entre nós, lançar um jogo totalmente novo no estilo briga de rua nos dias atuais requer um pouco de coragem, pois todo gamer com alguns anos nas costa sempre vai se lembrar dos clássicos Streets of RageFinal Fight e Golden Axe. E esse comparativo nem sempre pode ser fácil. Mas Raging Justice vai ao agrado dos jogadores clássicos por relembrar, respeitar e homenagear o passado, enquanto serve como porta de entrada para a nova geração de jogadores conhecer um pouco desse gênero das eras mais antigas.

Três personagens, um prefeito desaparecido e socos para serem distribuídos

Cabe ao jogador escolher entre 3 personagens distintos que vão percorrer as ruas perigosas de Big Smoke City em busca do prefeito que está desaparecido, possivelmente sequestrado, e que com isso cidade mergulhou em tempos difíceis de violência e criminalidade generalizada. A justiça precisa prevalecer e você como jogador tem dois punhos e alguns pontapés perfeitos para serem utilizados neste cenário.

Os três personagens são Rick Justice (42 anos e aqui o tiozão da turma, um brigão brutal de perto, sendo mais lento e mais forte), Nikki Rage (a “jovem” da turma com seus 31 anos, tendo uma coleção de movimentos complicados de filmes de ação à sua disposição) ou Ashley King  (o típico moleque de rua com 15 anos que quer salvar o mundo, sendo o mais rápido e em consequência um pouco mais fraco). Cada um luta em um estilo único, mas o mesmo desejo de encontrar o prefeito, e é claro, dar um fim a esta onda de violência que está tirando a ordem e a paz da cidade. Com mais violência, é claro!

Os controles da pancadaria

Os controles funcionam satisfatoriamente bem. São de fácil assimilação para os “dedos” dos jogadores. Além dos comandos básicos de arremesso, soco, chute e pulo, cada personagem conta também com um super ataque (utilizável ao custo de uma porção de saúde, mas ótimo para descer o sarrafo em multidões de inimigos aglomerados na sua fuça).

Você também pode jogar como bom policial ou policial mau, com diferentes finais desbloqueados para cada um. Isso é uma mecânica interessante, por sinal, que dá um pequeno nível de técnica à porrada generalizada durante a ação dos estágios.

Ser um policial bom e bater nos inimigos somente até o ponto de atordoá-los permite fazer a prisão do inimigo, concedendo assim um bônus de bom policial, que lhe recompensa com algum alimento gorduroso (é claro), que consequentemente vai restaurar um pouco da vida do jogador.

Mas é claro que dá para derrotar todos na base da violência extrema, com o uso de armas (facas, martelos e chaves mecânicas). O que era lhe render o título de policial mau. Para facilitar o caminho para o lado sombrio da força, algumas fases apresentam veículos como cortador de grama, que você pode pilotar para derrotar os inimigos que aparecem na sua frente, e são muitos acredite. Mas não é nada que vai mostrar uma carnificina na sua tela, não se preocupe a violência não chega ao nível dos fatalities do Mortal Kombat. Porém são meios suficientemente interessantes para você querer ser um pouco mau vez ou outra.

Existem alguns inimigos diferentes sim, desde bandidos musculosos, mulheres com tasers, atiradores de dinamites, cães raivosos e os peso pesados que com uma corrida derrubam quem estiver pela frente. Só que após um tempo eles só mudam de cor, sendo que a mudança na cor significa uma diferença de força entre as versões do mesmo inimigo.  Os chefes de final de fase são bizarros de várias formas e duvido você não se surpreender e até mesmo até achar graça de alguns deles.

Para cada inimigo e chefe de final de fase você vai precisar de uma abordagem diferente, não sendo todos derrotados com simples socos ou chutes. Logo, sair como um maluco e praticar o clássico esmagamento de botões vai acabar lhe rendendo uma derrota rápida e certeira. Isso força o jogador a pensar como atacar, deixando a jogabilidade mais apurada e satisfatória.

O jogo conta com 4 níveis de dificuldade (Casual, Wimp, Normal e Tough Guy). Em adição ao quatro níveis de dificuldade padrão, o jogo também conta , em cada fase, com desafios “desafiantes” para serem completados (como prender determinados inimigos identificados por terem mandato de busca, praticar ações especificas como derrotar “tantos” inimigos com tal arma ou utilizando certas armadilhas do cenário ou coletar um número X de grana na fase). Entretanto é improvável que você queira tentar completar tudo, a menos é claro que você goste de ficar sofrendo na frente da TV. Porém é uma boa vertente para dar valor de replay ao jogo, já que incentiva o jogador a revisitar fases para fazer algum desafio diferente de um já realizado.

Raging Justice também conta com um modo Brawl, onde devemos derrotar ondas de inimigos e ver até em que onde a justiça pode amassar rostos e nocautear meliantes antes de ser derrotada pela infinita onda de criminalidade que assola a cidade. O crime não tem fim, aceite. Um modo típico para quem espera por algo masoquista.

Por último, e mais sucintamente, resta dizer que a trilha sonora é no estilo techno de Yuzo Koshiro e não faz muita diferença em meio a pancadaria generalizada do game. Caso fosse mais elétrica talvez ficasse batucando na sua cabeça após as horas de jogo.

Vale a pena jogar com estes dois punhos sedentos por dentes de criminosos?

Escolhi jogar este game para mudar meu estilo de jogos escolhidos para o reviews – que andava em uma fase totalmente metroidvania – e por me lembrar de Streets of Rage. A escolha foi certeira, pois Raging Justice é uma volta impactante ao passado que coloca um estilo esquecido de jogo no centro do palco, e mostra porque ainda é divertido brigar na rua contra ondas de inimigos repetidos após todos esses anos depois.

É um jogo de luta que você vai amar, o jogo definitivamente faz jus à tarefa de recriar esta aparência retro. Você pode fazer como eu e tentar terminar o jogo de uma vez só, caso tenha umas 3 horas livre jogando no segundo nível de dificuldade, o que já lhe traz um nível de desafio considerável. Jogar nas outras dificuldades vai demorar mais algumas horas e trazer algumas frustrações provavelmente, pois se no nível em que joguei a dificuldade já estava mediana, imagina nas maiores.

É aquele clássico jogo em que você quer ver o que vem pela frente, o que o próximo cenário vai lhe apresentar e qual será o próximo chefe de fase. Todas as fases são interligadas – o que é muito legal – você termina uma entrando em um prédio e na próxima você chega atravessando a porta da outra fase. Muito melhor do que aquela coisa de terminar uma fase na cidade e na próxima estar no meio da selva. É de se elogiar esta preocupação dos desenvolvedores de criar essa ponte narrativa entre as fases.

Visualmente o jogo também é bem atraente. Não tenta emular exatamente o conceito de pixel art dos antigos beat ’em ups, porém tem um diferencial interessante, quase como um 3D meio massinha, meio um Mortal Kombat das antigas. Só que com muito mais pequenos detalhes em roupas e acessórios, além de um cenário bem interativo, com diverso objetos para serem usados contra os inimigos. Tem uma modelagem bem retrô, com um mix de ambiente anos 80. Com certeza dá um charme único ao game.

Antes de terminar, preciso dizer que achei o limite de continues complicado, mesma nas dificuldades mais baixas acabam faltando vidas para terminar o game numa boa e sem pressão. Comece a cuidar e repita algumas fases, caso note que perdeu muitas vidas em determinada parte. Prevenção é o caminho para o sucesso, além de evitar dores de cabeça nas fases finais.

Uma ressalva é que o jogador não pode avançar enquanto não derrotar todos os inimigos que surgem na tela e, infelizmente, algumas vezes eles podem ficar em áreas invisíveis e inalcançáveis, como nas bordas da tela. Aí o jeito é esperar eles estarem próximos de lhe atacar para contra atacar.

Raging Justice é isso. Um beat ’em up gostoso de ser jogado. Respeito seu gênero, faz boas homenagens e tem um estilo próprio. Sendo um jogo indie, mais barato e acessível aos jogadores, cumpre muito bem seu papel. Talvez pudesse ter se esforçado mais para um modo online, mas não é de todo um demérito. Também é sempre bom elogiar a localização, pois o game está todo com legendas e menus em português. Enfim, restaure a paz, descendo a porrada um bandido por vez.

Galeria

Extra | Descendo a porrada nos três primeiros estágios

Ótima jogabilidade (dar porrada)
Estilo visual invocado, meio anos 80
Muitos objetos interativos (e um cortador de grama)
Inimigos repetem demais, falta variedade
Multiplayer de sofá é legal, porém online faz falta
Beat 'em up que respeita e homenageia seu passado
Diversos níveis de dificuldade e modo infinito

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