Análise | Contra: Operation Galuga

Disponível para PlayStation, Xbox, Nintendo Switch & PC

Contra: Operation Galuga chegou com muito tiroteio, exércitos malignos e alienígenas em 21 de fevereiro deste ano para Nintendo Switch, PlayStation 4/5, Xbox One, PC, Xbox Series X|S, abrangendo como sempre o gênero de plataforma e tiro, tendo sido desenvolvido pela WayForward e publicado pela Konami.

Caso você seja dos jogadores mais antigos, e não esteve hibernando por anos, já deve de ter jogado ou no mínimo ter ouvido falar da série Contra, é uma famosa franquia da Konami que fez enorme sucesso pela sua dificuldade lá pelos anos 80 e 90, durante a era dos arcades e dos jogos de poucos bits, sendo considerado um dos mais importantes jogos run and gun (corra e atire) de todos os tempos. Gênero este em que você vai indo, geralmente para a direita, e deve atirar em tudo que surgir no seu caminho.

A última aparição não foi muito bem recebida, sendo Contra: Rogue Corps (2019, multiplataforma) que não agradou praticamente ninguém, devido a uma tentativa fracassada de atualizar elementos que não precisavam ser atualizados. Agora, de uma hora para a outra, eis que surge como um milagre um novo título que não resolveu mudar a roda, simplesmente decidiu seguir com o que sempre funcionou, pelas mãos de um estúdio que entende de fórmulas clássicas, a WayForward, estúdio mundialmente conhecido pelos jogos 2D do universo da meia-gênia Shantae.

Operação releitura

Este novo jogo é também uma releitura do primeiro jogo da série, o que significa que para os mais antigos vai ser um deja vu em algumas partes. Mas para quem não jogou ou não lembra mais, no meu caso, é tudo novo. A grosso modo a jogabilidade se baseia na clássica da série, mas temos também novidades que foram incluídas.

Posso mencionar o salto duplo, liberado inicialmente como por padrão, e uma manobra de corrida, tipo uma “ombrada” que pode-se usar para percorrer uma distância pequena, de forma a ficar invulnerável por segundos, podendo ser utilizada no solo e até mesmo no ar.

Juntas estas duas novidades tornam o jogador mais ágil para evitar o fogo inimigo, permitindo um espaço maior para cometermos erros não fatais, como ao cruzar abismos, além de transformam o combate em uma experiência mais rápida e acrobática, o que certamente agrada os jogadores mais novos.

Há várias opções no menu inicial, como o modo História que permite salvar o jogo entre as fases, ideal para quem quer ir curtindo o jogo em doses menores, assim como o modo Arcade, onde se tem que encarar a aventura toda de uma única vez e também o modo desafio, que como o nome diz, há alguns “desafios”, como terminar uma fase sem tomar dano, concluir uma área em determinado tempo e etc.

Outra opção no menu inicial é a loja de vantagens, onde o jogador pode comprar vantagens para incrementar a jogabilidade da aventura, utilizando créditos que se recebe após concluir as áreas do jogo. Quando maior for a dificuldade em concluir uma fase maior será a quantidade de créditos recebidos para comprar as coisas na “loja”.

Para a alegria do público brasileiro, Contra: Operation Galuga conta com legendas em português, mas nada de dublagem dessa vez. Dito isso, só as legendas já quebram o maior galho e facilitam a localização e entendimento da história, por todo e qualquer público interessado, independente da idade.

É possível jogar o modo campanha nas dificuldades fácil e normal, e ainda escolher o nível de perigo que existirá, escolhendo medidor de vida, vamos ter um medidor de vida para o personagem e somente quando todo o medidor chegar a zero é que perderemos uma vida, já na opção tiro e queda, basta levarmos um tiro para perdermos uma vida. E quem jogar neste nível de perigo vai levar bônus nos créditos devido a dificuldade, mas cá entre nós, tiros nesta franquia é o que mais acontece a todo momento. É o que os jogadores esperam, por sinal.

A tal “Operação Galuga”

O Arquipélago Galuga era um local pacifico, até que meteoros começaram a cair na região, causando destruição e algo a mais… Algum tempo no futuro, 6 meses sendo mais exato, começamos o jogo quando o Coronel Doyle passa a Bill Rizer e Lance Bean, inicialmente os únicos personagens controláveis, a missão de ir até o dito arquipélago e descobrir mais sobre o grupo terrorista Falcão Rubro, que estavam realizando ataques ao redor de todo o globo, até que decidiram fixar uma base justamente em Galuga, após a queda do tal meteoro. Uma atitude nada suspeita, né?

A federação enviou a Força GX que estava por perto, realizando exercícios militares, para conferir a situação, mas eles perderam comunicação e a ideia de que o pior possa ter acontecido surgiu para todos, mesmo sabendo que a GX é uma força de poder considerável e que não iria cair facilmente em uma disputa contra um grupo terrorista como os Falcões Rubros.

Para piorar a situação, o Dr. Drake traz a informação de que uma anomalia gravitacional com força suficiente para atingir o planeta inteiro esta sendo emitida justamente da mesma região do Arquipelago Galuga. Isso levantou a hipótese de que os Falcões Rubro estejam desenvolvendo armas gravitacionais, as quais haviam sido banidas há décadas atrás, tiradas de circulação devido ao seu poder destrutivo. O simples fato de armazenar uma arma dessas de forma incorreta já seria suficiente para causar deslocamentos tectônicos, mudanças climáticas e, em casos extremos, até mesmo a criação de um buraco negro.

Cabe aos membros da equipe Contra irem a campo e conferir o que está acontecendo, tentar achar os membros da Força GX e obviamente salvar o planeta no processo. Não vou contar mais para não estragar a história, mas é claro que existem segredos na ilha e o choque entre as forças desencadeará grandes problemas.

Apenas um adendo, mesmo que o jogo dá apenas Bill e Lance como opções iniciais de escolha, conforme a campanha progride, novos personagens surgiram e se tornaram jogáveis. Lembrando que o título oferece total suporte a multiplayer local, para que amigos se reúnam e possam jogar juntos no sofá.

Armamento pesado

Muitas das armas que podemos usar aqui foram pegas dos três primeiros jogos da série, então veremos novamente as armas Machine Gun, Spread, Laser, Flame Thrower, Homing e Crush, e antes que eu esqueça, as armas podem ser atualizadas. No caso de coletarmos mais uma arma do mesmo tipo, ela irá subir para o Lv 2, então pegar outra Machine Gun quando você já tem a mesma equipada torna-a uma Machine Gun Lv 2. Às vezes, isso amplia o alcance ou a largura do campo de tiro da arma, como no caso do Spread e do Flame Thrower, enquanto outras vezes pode alterar o comportamento de uma arma de forma mais drástica.

A arma Crush atualizada, por exemplo, muda de um míssil explosivo para uma arma de fogo que abre pequenos buracos negros que causam danos contínuos. Podemos ainda destruir a arma onde a mesma realiza uma última “magia” se tornando uma rajada de tiros, um campo de força, raios ou coisas do tipo. Ao custo de ser descartada ao final da ação, o que é uma boa saída para áreas com muitos inimigos. Cada arma tem uma ação única diferente, e fazer todas até libera uma conquista/troféu. Somente cuide para não ficar sem arma equipada e passar por apuros com o tiro normal.

Falando ainda em armas, um ajuste bem vindo foi a opção de ficarmos com 2 armas ao mesmo tempo, podemos alternar entre elas livremente ao pressionar de um botão e caso estejamos com uma e pegamos a mesma arma do outro slot ela vai atualizar a arma, não ficando com 2 armas iguais em 2 slots diferentes. Mas é claro que se levarmos tiros e morrermos iremos perder as armas do arsenal. Na verdade acredito que seja exatamente esse o maior medo de se jogar Contra, ficar sem as armas superpoderosas, o que vai deixar as batalhas mais perigosas, principalmente as lutas contra os chefes.

Aliás este é um bom momento para aproveitar essa deixa das armas para falarmos da “loja”, como já comentei acima, quanto maior for a dificuldade e melhor for o nosso desempenho nas fases, vamos ganhar créditos ao final de cada fase. Esses créditos podemos usar na loja para comprar modificadores, como perdemos mais vida, visuais complementares para personagens, trilhas sonoras e a cereja do bolo: podermos comprar a opção de já iniciarmos o jogo com uma arma específica, ou com a versão atualizada da mesma arma, podemos inclusive comprar a opção de não perdermos a arma quando perdemos uma vida. Mas obviamente que quanto melhor for a opção mais cara ela vai custar. Lembrando que mesmo tendo várias opções desbloqueadas, somente vamos poder equipar 2 por vez na loja. Então escolha com sabedoria.

E tem mais uma coisa, para lembrar novamente os jogos clássicos, Contra: Operation Kalunga nos permite inclusive utilizarmos o clássico Konami Code (Cima, Cima, Baixo, Baixo, Esquerda, Direita, Esquerda, Direita, X, O, no controle do PS4/PS5 basta mudar os botões “X” e “O” pelos correspondentes nos controles das outras plataformas). Ao contrário dos outros jogos, aqui o código clássico vai liberar mais algumas opções de compra dentro da loja como trilhas sonora clássicas, visuais de personagens e um pacote de vidas. O momento para fazer tal código é na hora que o fogo do logo do jogo aparece, é um espaço de tempo bem curto, mas consegui fazer com o analógico do controle.  Temos inclusive uma conquista/troféu pelo uso do Konami Code, então se você (ainda) está colecionando conquistas, vale a pena fazer essa também.

Mudanças para uma nova geração

As opções disponíveis para compra na loja facilitam o jogo e permitem uma “personalização” dos personagens, já que você pode escolher, por exemplo, com qual arma vai começar o jogo. E cá entre nós, mudanças eram necessárias e chegaram em boa hora. Atualmente não é todo mundo que tem tempo para jogar como antigamente. Quando nos tornamos adultos, o que menos temos é tempo para jogar e às vezes com os corres do dia a dia. O que menos queremos é nos estressarmos jogando. O modo campanha permite você “salvar” a cada estagio concluído, e é uma boa para não precisar jogar tudo em uma jornada apenas. Eu, inclusive, levei alguns dias para concluir todas as fases. Jogava uns dias mais e em outros menos, conforme o tempo que tinha.

Mesmo com facilitadores funcionando a seu favor, pode ser difícil conseguir evitar enxurradas de fogo inimigo vindo em sua direção enquanto elimina vários inimigos que estão atirando a distância de você, tudo de uma vez. Essa a capacidade de selecionar fases individualmente no modo História torna mais fácil falhar em uma fase, reorganizar as vantagens equipadas e tentar novamente, quem sabe em outra tentativa o score final seja melhor e podemos receber mais créditos para a loja, ou passar por uma fase que a primeira vista estava muito complicada. O jogo ainda conta com um sistema de checkpoint bem generoso, portanto, mesmo se você perder uma vida, não perderá todo o seu progresso.

O resultado é um jogo que lembra os Contra do passado, mas sem se tornar frustrante para quem não é um ás do controle. Para quem quiser um desafio maior, pode ignorar os facilitadores da loja, ativar a opção de morrer com um único tiro e seguir jogando de modo mais desafiador e punitivo possível. Desta vez temos opções para todos os públicos e isso é estar preparado para os dias atuais, estando adaptado para diferentes públicos, hardcore e casual.

Considerações finais

Se já jogou anteriormente algum jogo da série, ou se fizer uma busca pela internet, vai encontrar que Contra fez a sua fama exatamente por ser brutalmente difícil, um legado com um impacto que ainda pode ser sentido até hoje.

Então é muito interessante como a WayForward aceitou o desafio para “adequar” Contra: Operação Galuga, polindo arestas de um jogo antigo e, ao mesmo tempo, torná-lo tolerável ao público moderno com falta de tempo e/ou que não tolerável a mais jogos com dificuldade absurda.

Consigo enxergar que a lição de casa foi bem feita e, com algumas melhorias, foi encontrado um equilíbrio agradável, com a opção de ajustar a dificuldade ao gosto de cada jogador. Poderia ter um modo campanha um pouco mais longo, mas com o modo desafios disponível, quem quiser tentar vencer desafios específicos vai ter o que fazer por um bom tempo.

Uma releitura de uma clássico, sob a perspectiva moderno em cima dos atuais jogadores. Levando a vantagem que esta nova edição chega ao público brasileiro com localização em nosso idioma, gráficos modernos, multiplayer de sofá e várias opções que vão agradar quem adora uma dificuldade escalada, assim como quem só quer se divertir e seguir adiante com diversos facilitadores para tal.

Galeria

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Dando nota

Referências aos Contras antigos por todos os lados - 8.2
A jogabilidade é intuitiva e de fácil assimilação, seja você veterano ou não na franquia - 8
O multiplayer local para até 4 jogadores é bem divertido - 8.5
Acaba sendo curto, poderia ter mais fases e durar um pouco mais - 6
As músicas e a trilha sonora vão ficar grudadas na sua cabeça - 8
Picos desequilibrados de dificuldade em determinadas áreas pode incomodar um pouco - 6.8
Opção de escolha de dificuldade abrem portas para vários níveis de jogadores - 8

7.6

Bacana

Contra: Operação Galuga é um bom retorno da série clássica ao mundo dos games modernos, as opções de acessibilidade para diferentes níveis de jogadores de run ‘n’ gun consegue expandir a base de jogadores e não fica restrito apenas aos fãs antigos da série. E obviamente poder jogar no modo cooperativo para até 4 jogadores é uma boa pedida para aquelas reuniões descompromissadas de amigos.

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