Impressões iniciais do Nintendo Switch 2 (Opinião)
Um olhar sobre o novo console da Nintendo

Lançado há poucos dias, o Nintendo Switch 2 abre uma nova geração de jogos para a Nintendo, trazendo um console que não quebra paradigmas, porém entrega uma evolução significativa em comparação ao seu antecessor. E será que já está valendo a pena embarcar nesta nova fase da empresa?
O que trarei nesta matéria é uma opinião prévia do que tenho a dizer sobre o novo aparelho, após alguns dias de uso. É realmente um impressão inicial, tendo em vista que ainda é um pouco cedo para uma análise conclusiva e definitiva para o console e seus jogos.
O Nintendo Switch 2 já está disponível para venda no Brasil, tendo sido lançado no último dia 5 de junho, mesma data em que também foi disponibilizado nos maiores mercados do mundo, seja Japão, Europa e Estados Unidos. Ter o Brasil nessa lista é uma tremenda vitória. O preço em nosso país ficou tabelado em duas opções: só o console por R$ 4.499,90 e em um bundle com Mario Kart World incluso por R$ 4.799.90. Sim, o preço será motivo de discussão em certo momento desse texto, precisa ser.
O meu, adquirido em pré-venda no começo de maio, foi entregue pela Amazon no dia 6 de junho, um dia após o lançamento, contudo, um dos membro aqui da equipe do site, o Paulo (PRLS) chegou a receber, também pela Amazon, o console no dia 5 mesmo! Um feito notável!
Junto ao lançamento, o console chegou a receber alguns jogos exclusivos, sendo que direto da Nintendo foram lançados Mario Kart World (R$ 499,90) e o Nintendo Switch 2 Welcome Tour (R$ 59,90). Este segundo, a qual ainda não tive a oportunidade de testar, é um jogo mais simples, cujo o objetivo é apresentar as funções do novo console, por meio de mini games. E sim, é de se questionar porque não é um título que poderia estar incluso ao adquirir o console.
Em julho, Donkey Kong Bananza começa a aquecer ainda mais a nova fase, chegando no dia 17. Nas semanas seguintes, outros títulos resgatados do primeiro Switch, também vão receber expansões. Super Mario Party Jamboree receberá novos mini games com a expansão paga Jamboree TV (em 24 de julho) e, logo depois, em agosto, o fantástico Kirby and the Forgotten Land recebe a expansão trazendo uma nova campanha chamada Star-Crossed World.
E a Nintendo ainda não revelou totalmente seus planos para o segundo semestre de 2025, mas certamente mais títulos com conteúdos exclusivos virão para o Nintendo Switch 2, seja de títulos resgatados, seja de obras inéditas, como as já anunciadas Drag x Drive, Hyrule Warriors: Age of Imprisonment, Kirby Air Riders, Metroid Prime 4: Beyond e Pokémon Legends: Z-A. Todos estes estão anunciados para 2025.
Visualmente maduro
Um dos primeiros elementos sempre que se adquire um novo console, antes mesmo de ligá-lo, é a admiração com design e visual, e sendo o Nintendo Switch 2 um console híbrido, sua composição física é ainda mais importante, porque é um aparelho em que o jogador irá literalmente ter em suas mãos em sessões de jogatina, quando em modo portátil. Ou seja, peso e aspectos do tamanho e curvas, aqui também importam.
E não só isso, mas acho que até mesmo a questão da cor tem seu valor aqui. Este primeiro modelo está sendo lançado exclusivamente na cor preta, o que traz um sentimento mais “adulto” ao aparelho. Parece um console pronto para concorrer com outros dispositivos portáteis que estão disputando o atual mercado global, como o próprio Steam Deck da Valve.
E num segundo aspecto, é certo que o preto é mais prático no sentido de não parecer tão “usado“. Notei isso quando peguei os joy-cons (azul e verde) do Switch original para comparar com os novos joy-cons pretos. Os antigos controles estavam visivelmente encardidos, o que é natural com o tempo de uso. Precisei limpar eles um pouco, para não ficar tão feio nas fotos e vídeos que compartilhei no Instagram do site. Não é que o preto suje menos, claro, mas é menos visível, isso é certo.
Além disso o preto faz um contraste importante em relação ao Nintendo Switch OLED, que é vendido na cor branca em sua versão padrão. Lembrando que esse Switch OLED trata-se do primeiro Nintendo Switch com uma tela de melhor qualidade, ou seja, trata-se de um sistema antecessor ao Nintendo Switch 2, e não rodará os jogos desse novo console, e imagino que vai ter gente fazendo essa confusão ao longo dos próximos meses.
Mais adulto, menos colorido, mais eficiente as marcas do tempo e sujeira, e evitando o branco para evitar certa confusão com o Switch OLED (ou até mesmo com o PlayStation Portal, que também é branco). Nintendo Switch 2 parece ter pensado bem sua cor de lançamento. É a velha máxima do mundo da moda: preto combina com tudo!
Dando continuidade, ainda no aspecto físico, o Nintendo Switch 2 é bem maior em relação ao Switch original. Isso de forma alguma dá uma sensação de “grande demais” no aspecto portátil. Pelo contrário, parece justamente ser do tamanho ideal para um adulto segurar, pegar e manusear. Não é desengonçado, e nem dá uma sensação de estar fora dos padrões de tamanho, algo que o primeiro Nintendo Switch até hoje dá essa sensação.
Posso dar um exemplo pessoal. O Switch 1 até hoje, após algumas horas usando em modo portátil, sinto certo desconforto nas minhas mãos, em parte da palma e alguns dedos, pela forma como os joy-cons são menores em relação aos controles mais tradicionais do atual mercado. Usando o Switch 2, neste final de semana, em longas horas com Mario Kart World, não tive essa mesma sensação de desconforto. O novo console se encaixa melhor em mãos grandes.
Significa que as crianças podem ficar incomodadas com o aspecto maior dos controles do novo console? Não acredito nisso. Primeiro porque os controles de outros consoles, como Xbox e PlayStation já tem um tamanho maior do que os joy-cons originais e nunca foram um problema com esse público, caro contrário a internet choveria de reclamações nesse sentido.
Ter tamanho é melhor do que não ter nestes dispositivos de interação digital, e o mercado já tem um certo tamanho universal para controles de videogames. O Switch 1 é que fugia um pouco dessa padronização, o que parece ter sido naturalmente corrigido no Switch 2, dado seu tamanho. Além disso, meu filho, com 12 anos, também jogou e não se sentiu desconfortável com o novo tamanho.
Contudo, acredito que o grande astro do Nintendo Switch 2, relacionado justamente ao seu tamanho, é a nova tela do aparelho em modo portátil, que agora passa a ter 7,9 polegadas, com resolução de 1080p, contra a tela do console anterior, que tinha apenas 6,2 polegadas e 720p de resolução. Parece pouco, mas não é. A diferença é gritante. A experiencia em uma tela maior, mais vibrante, mais nítida, mais brilhante, em relação ao Switch original, é fantástico.
Mas sei que tem a questão da tela do Nintendo Switch OLED, que apresenta uma tecnologia diferente de tela, é vibrante e colorida também. Contudo, não possuo o console nessa versão e, por isso, não posso pessoalmente comparar. O que sei é que é uma tela de uma qualidade também muito superior a versão original do Nintendo Switch, e que existe um debate na internet sobre o fato do Switch 2 não ter trazido o mesmo tipo de tela, ter escolhido manter o LCD, porém com uma tecnologia de alta qualidade, que obtém um resultado em um nível que pode ser considerado igual ou superior (e aí vai depender da opinião de terceiros pela internet). Infelizmente, neste caso, não posso ir além do que pode ser encontrado pelo debate online.
Contudo, o que posso contribuir nessa discussão Switch OLED vs Switch 2 é que por mais que ambos tenham uma tela de alta qualidade, sendo a de OLED um pouco menor que a do novo console, a decisão sobre ter ou não um Switch 2 não deve recair apenas sobre o aspecto da qualidade da tela portátil. Preço e performance devem ser observados.
O Switch OLED pode atualmente ser encontrado no Brasil na faixa dos 2 mil reais, sendo um preço bem abaixo dos mais de 4 mil cobrados no Switch 2. Parece atraente apostar em um Switch OLED, é verdade, mas entenda que ele é uma versão de luxo do Nintendo Switch original, sendo que não vai rodar os novos jogos do Switch 2, e que, mesmo com uma tela de alta qualidade, ainda não vai entregar a mesma performance do Switch 2 em termos processamento e carregamento de muitos jogos, incluindo até mesmo os atuais da biblioteca do primeiro Switch. O que me leva ao próximo ponto deste artigo.
Performance que iguala o jogo
Boa ergonomia, esteticamente bonito são pontos importantes em um produto de tecnologia, contudo só isso não basta, e tão logo o vislumbre passa, o usuário para a pensar na performance do aparelho, e nesse departamento, o Nintendo Switch 2 também parece cumprir todas as expectativas pretendidas.
Claro, ainda não consigo fazer uma avaliação profunda e nem técnica demais. Não existe uma imensidão de jogos exclusivos para serem testados, e isso só os meses seguintes irão mostrar como o novo console irá lidar com novos títulos, além dos jogos que não estão presentes na plataforma e que agora poderão receber uma versão para um console da Nintendo. Caso de Cyberpunk 2077, que ganhou uma versão para o Switch 2, sendo lançado no dia do lançamento global do console.
Infelizmente também não tive a oportunidade de testar esse título no lançamento do console, então só posso relatar o que li e vi pelas comunidades na internet, como aqui, e pelo que entendi, o novo console consegue entregar uma portabilidade num jogo como Cyberpunk 2077 com uma qualidade impressionante, que supera em certos aspectos até mesmo a versão do jogo para Xbox Series S e o título rodando em um Steam Deck, ao menos visualmente.
O Xbox Series X, PlayStation 5 e bons PCs ainda vão entregar uma performance melhor na questão da taxa de quadros, conseguindo rodar com competência a 60 quadros por segundo (FPS), enquanto o Switch 2 fará bonito com o jogo rodando em 30 FPS, o que para muitos jogadores é o suficiente. Mas este, claro, é só um exemplo. Não quer dizer que todo jogo portado será assim, seja para melhor ou pior. Vai depender muito de jogo a jogo, de estúdio a estúdio.
Mas ver Cyberpunk 2077 rodando no Switch 2 em seu lançamento, já demonstra que o céu é o limite, e que o mercado agora tem um console da Nintendo que finalmente pode ter os jogos de diversos estúdios independentes que estão com seus títulos nos consoles concorrente, e que< até então, o Switch original não conseguia rodar – a menos que recebessem ports específicos que precisam lidar as limitações do aparelho. Isso acabou, felizmente.
Quanta a testes que pude realizar nestes primeiros dias com o Switch 2, posso atestar minhas impressões sobre Mario Kart World e uma vasta biblioteca do Nintendo Switch original, já que o novo console é retrocompatível com a toda a biblioteca de games de seu antecessor. Isso tem um peso gigantesco na hora de considerar a aquisição dele, especialmente por quem ainda não possuía o Switch e chega com uma vasta biblioteca de jogos em potencial para conhecer.
Nessa questão da biblioteca do Switch 1, certos títulos receberam atualizações para refinar a performance do jogo no Switch 2, enquanto outros vão rodar melhor, sem a necessidade de uma atualização específica, simplesmente porque o hardware do console já aprimora a performance generalizada do processamento de todos os jogos do console anterior. Isso sem traduz em texturas que se carregam mais rápidas e telas de carregamento (loading) muito mais rápidas. Bayonetta 3, por exemplo, se beneficia disso.
Há que se considerar também que muitos jogos rodam no Switch original, e também na versão OLED, em uma resolução de 720p no modo portátil, limitando ao 1080p somente nos monitores e televisores. No Switch 2 todos os títulos irão rodar em 1080p direto no modo portátil, o que já é um ganho considerável de qualidade, enquanto que na TV e monitores, o console finalmente entrega a resolução de 4K, nivelando novamente com a resolução dos consoles concorrentes.
Super Mario Odyssey, por exemplo, um dos primeiros títulos originais do Switch original, se beneficia muito desta novas resoluções. O jogo ficou lindo rodando no Switch 2, em ambos os modos, dock ou portátil. Aquele serrilhado 3D que o jogo possui no Switch original desapareceu totalmente no Switch 2, entregando um 3D lindo e redondinho, sem esse efeito de recorte de elementos tridimensionais. Efeitos de luz, sombras e reflexos também estão melhores no modo portátil, já que o novo console tem a tecnologia de HDR (High Dynamic Range), que melhora os efeitos de cores e brilho em telas.
Pokémon Scarlet & Violet, também é outro exemplo amplamente divulgado pela própria Nintendo. Aquela história de elementos se movimentando em baixa taxa de quadros no fundo de diversas cidade e ambientes agora se movimentam da forma esperada. Certas áreas possuem mais pokémons ao redor do jogador. O jogo ficou mais bonito, mais vivo e cheio. Houve, nesse caso, uma melhora tanto visual, quanto de performance.
Além disso, muitos jogos estão com melhorias mais sutis, caso de dois título da franquia The Legend of Zelda, Link’s Awakening (2019) e Echoes of Wisdom, que ao rodarem no Switch original apresentavam pontuais momentos em que a taxa de quadros engasgava aqui e ali, e que agora, no Switch 2 rodam suave e sem qualquer tipo de instabilidade em sua taxa de quadros. Melhoria de performance bem executada em dois títulos que não precisaram de uma atualização para tal, e estão assim porque o hardware do novo console consegue processar melhor os elementos originais do próprio jogo.
Ainda mencionando as aventuras em Hyrule, dois títulos da franquia receberam atualização de performance, mas também receberam o título de Nintendo Switch 2 Edition e estão dentro de um programa novo da Nintendo chamado Pacote de Melhoria, que tem um custo pago para se usufruir. É o caso de The Legend of Zelda: Breath of the Wild e sua sequência Tears of the Kingdom. Este link oficial da Nintendo pontua e detalha com bastante clareza sobre os aspectos destes pacotes de melhorias.
O que tenho a dizer sobre isso? Veja só, pacotes que expandem a experiência do jogador, como novos mini games e novas experiências em Super Mario Party Jambore? Acho justo a cobrança, afinal são novos conteúdos. Uma campanha totalmente nova para Kirby and the Forgotten Land? Totalmente a favor, quase como um DLC pago, tranquilo. Mas e no casos dos jogos de Zelda?
Pois então, acho que é nestes dois exemplos de Breath of the Wild e Tears of the Kingdom que as coisas podem parecer erradas. Primeiro que esse pacote de melhoria promete quatro coisas: suporte ao app Zelda Notes (serviço no celular para dicas e macetes oficiais para o jogo), taxa de quadros e resolução melhorada, carregamento de tela melhorado e suporte HDR. Cobrar uma taxa pro jogo rodar como deveria num novo console? Acho uma tremenda mancada.
Se nenhum conteúdo novo está sendo entregue (armas, equipamentos, missões ou locais), não acho que a taxa de upgrade devesse existir. Parece muito a empresa querer ganhar com algo que já está pronto. Quem tem o jogo no Switch original não deveria precisar pagar por esse pacote. E não é uma crítica que faço apenas para a Nintendo, pois já fiz algumas análises de remakes e remasters de jogos no PlayStation 5 que também crítico a decisão de existir taxa, ou seu valor, ou sua necessidade. Isso é o mercado como um todo tentando sangrar sua comunidade, em meio a um sistema capitalista predatório.
Contudo, dos males o menor, pois assinantes do Serviço Online da Nintendo, podem baixar os pacotes de melhorias de Breath of the Wild e Tears of the Kingdom sem qualquer custo adicional. Mas é claro, isso não irá funcionar para todos os pacotes de melhorias. Tudo isso é caso a caso, jogo a jogo, então a crítica a ser feita sobre cobrar por jogos com melhoria de performance, sem conteúdo adicional, é muito pertinente e importante da comunidade se atentar.
Por sinal, outro benefício dos assinantes do serviço online, e que será exclusivo com o Switch 2 é a biblioteca virtual de jogos do Nintendo GameCube, que estreou no lançamento do console com três títulos: F-Zero GX, The Legend of Zelda: The Wind Waker e Soul Calibur II. Já estou ansioso por Billy Hatcher and the Giant Egg e Star Fox Adventures…
Com tudo isso em mente, a conclusão que se pode fazer, neste momento, é que o Nintendo Switch 2, entrega a performance de um console que está pronto para se igualar com seus atuais concorrentes, o Xbox Series X|S e PlayStation 5, no sentido de também conseguir receber muitos títulos de estúdios independentes que estão colocando suas IPs em todas as plataformas.
Estamos diante de um console que parece estar pronto rodar Assassin’s Creed Shadows, Destiny 2, Final Fantasy VII Remake & Rebirth, Clair Obscur: Expedition 33, Metaphor ReFantazio, Elden Ring, Monster Hunter Wilds, e quem sabe, até mesmo Call of Duty Warzone! Basta haver os interesses dos estúdios em lançar, da Nintendo em oferecer algum suporte necessário e da comunidade ter interesse nestas franquias dentro da plataforma. Isso só o tempo dirá.
Praticidades do sistema operacional (OS)
Um terceiro ponto de impressões em relação ao Nintendo Switch 2, que vale a pena a discussão, certamente está na decisão da Nintendo de manter o visual do sistema operacional do console muito idêntico ao do Nintendo Switch original. E perceba que disse “muito idêntico” ao invés de “igual“, porque sim, houve mudanças recentes nesse sistema que levou a OS para outro nível.
Só que estas mudanças não ficaram restritas somente o novo console, pois o Switch original também o recebeu e mudou um pouco, especialmente nas regras como comporta seus jogos digitais, agora em uma abordagem e linguagem de “cartões virtuais“. O novo sistema os lê como cartões que podem ser emprestados e criam diversas regras para sua utilização em diferentes consoles. É a mesma coisa de sempre, só que não.
Não vou me alongar nesse assunto no momento, porque ele é extenso, em certas partes até polêmicos, porque é a Nintendo tentando criar um meio de oficializar o compartilhamento de jogos, e não de contas, mas criando, ao mesmo tempo, diversas barreiras para amigos que não estão fisicamente próximos e, portanto, não conseguem usar alguns destes recursos. Ainda pretendo escrever uma matéria solo a respeito destas mudanças, então vou seguir adiante.
O ponto aqui é que o Nintendo Switch 2 usa o mesmo sistema de menu que o Switch original. Não tem exatamente uma experiência nova de interface. Havia rumores, que não se concretizaram nesse lançamento, de que o novo console iria permitir temas originais, baseados em IPs da Nintendo e tal, o que permitiria que cada usuário desse um toque mais personalizado ao seu console. Mas nada disso aconteceu. Ao menos nesse momento. Que pena.
Penso que manter a mesma interface pode, ao longo dos próximos meses, confundir um pouco uma base não informada de potenciais pessoas interessadas nos aparelhos da Nintendo. Vai ter gente se perguntando se o Switch original, Switch OLED e Switch 2 não são a mesma coisa, sem entender o que roda o quê, porque o OLED não é melhor que o 2 etc etc etc. Fisicamente já são parecidos, e manter a mesma interface só acrescenta ainda mais elementos semelhantes em todos os dispositivos do mercado. Tira a sensação deste console ser o próximo estágio da linha de consoles da empresa.
Por outro lado, manter a mesma interface facilita a usabilidade dos atuais usuários, ainda mais pensando que trata-se de um console que tem como premissa, apoiar parte de um público mais casual, que talvez tenha mais dificuldades com jogos hardcore, e que não seja tão adeptos a tecnologia e seja resilientes as mudanças de sistemas operacionais.
Basta olhar para outras áreas de tecnologia nesse sentido. Existe uma quantidade imensa de pessoas que odeia a ideia de ter que trocar sua versão do Windows, só pelo fato de que ter que aprender tudo de novo onde estarão opções, menus e programas que já estão habituais a usar. Da mesma forma como interface em dispositivos Android e iOS também são meio que universais em todos os smartphones e raramente mudam de forma drástica ou radical.
Então sim, entendo o porquê não mudar radicalmente os menus e OS do novo console, ao mesmo tempo, que sinto que não haja mais recursos no sentido de personalização. A priori, a maior mudança fica mesmo ao sistema de jogos e cartões digitais, o que já é um pouco assustador para muitos que até então compartilhavam suas contas com alguns amigos.
Contudo, se puder apontar uma melhoria significativa de navegabilidade na atual interface dentro do Nintendo Switch 2, digo que é notável como a eshop (loja digital do console) finalmente roda como se esperaria de uma loja digital. Não tem mais engasgos, tudo é carregado rapidamente e finalmente dá vontade de pesquisar a vasta biblioteca de títulos presentes na loja. Uma ferramenta do sistema que era um pesadelo no Switch original, e que no novo console funciona com total efetividade.
Pequenos apontamentos
Feito algumas as considerações iniciais a respeito do design, performance e OS do Nintendo Switch, acredito que tenha conseguido transmitir alguns dos pontos mais importantes sobre o novo console. Ainda há outros detalhes menores, que podem ser mencionados rapidamente, e que não exigem grandes reflexões. Como:
- O novo aparelho pode ser recarregado diretamente no cabo de alimentação, sem a necessidade de colocá-lo no dock, sendo que o aparelho possui uma fonte de energia AC com conexão USB, tal qual os atuais smartphones. A vantagem é que você pode continuar usando o console em modo portátil enquanto ele está sendo recarregado! Diferente do Switch original, que precisava ir para o dock para carregar e isso limitava seu uso apenas ao modo TV.
- Dito isso, o Switch 2 em modo portátil tem uma bateria que dura muito menos do que seu antecessor. Nesse momento é difícil mensurar o quanto a bateria dura em média, porque a Nintendo já disse que a depender do jogo, pode variar entre 2 a 6 horas. Na prática, joguei Mario Kart World por 2 horas, e a bateria chegou a ficar em 50%. Ou seja, não se esgotou tão rapidamente assim, e mesmo que fosse, como mencionado acima, agora dá para jogar em modo portátil enquanto se está sendo recarregado em uma tomada. Não é tão terrível assim uma bateria de menor duração.
- O console vem com um notável espaço em sua memória interna. 8x mais do que a memória inicial do Switch original. 256GB é uma quantidade satisfatória de espaço, especialmente porque muitos jogos tem 2GB em média, sendo que os maiores, ficam entre 10 a 20GB. Zelda Breath, Mario Kart World e Smash Bros são exemplos de jogos com 20GB em média. Ou seja, vai levar um tempo até você precisar de um cartão micro SC Express.
- E sim, o console só é compatível com estes cartões micro SD EX (Express), que atualmente custam bem caro aqui no Brasil. Acredito que a tendência, com a alta demanda, deve fazer com que os preços abaixem ao longos do próximos meses. Mas é desnecessário nesse momento. O Switch 2 tem uma ótima conexão com redes de internet wi-fi (5Ghz e 2Ghz) e os jogos, mesmo desinstalados, são baixados em uma velocidade impressionante. Mario Kart World levou aproximadamente 12 minutos na minha internet (800GB).
- Quanto a vídeos e capturas, está bem prático o envio delas para smatphones, pelo aplicativo Nintendo Switch App, ainda que haja algumas regras, como o app só guardar 100 envios, e só dar para enviar 20 por vez. Mas sabe o que é mais legal? O Switch 2 em uma conexão via USB pode ser conectado diretamente no PC e dá para tirar todas as capturas de uma só vez direto no PC. É bem prático, como ocorre com smartphones mesmo.
- No aspectos dos detalhes minúsculos, tenho estranhado o pequeno delay (atraso) que existe quando o console sai do modo descanso. Leva micro segundos para que o aparelho permita que o jogador aperte o mesmo botão 3x para abrir a home do console. Parece bobo, mas nesse pequeno engasgo, já apertei 3x pra entrar na home e não acontece. Aí respiro por mais 1 segundo, e depois aperto 3x de novo. Aí funciona. Um patch deve deixar isso normalizado eventualmente. Até porque no Switch original esse mecanismo é imediato, não possui tal atraso de ativação de tela.
- A respeito de Mario Kart World, pode aguardar uma análise completa sobre o título em poucos dias aqui no site, por isso resolvi não me alongar muito sobre o título nesta matéria.
Vale a pena adquirir neste momento?
Sendo um Gamer no Brasil, essa talvez seja a grande pergunta do momento. Em outros locais do mundo talvez essa não fosse a pergunta principal, mas nossa realidade é um pouco diferente, todo mundo que curte videogames sabe disso. Infelizmente.
E, sendo justo, o preço do console, acima de 4 mil reais, não é exatamente culpa da Nintendo. Trata-se de um console de 450/500 dólares lá fora, preço base de um PlayStation 5, que aqui no Brasil também chegou custando mais de 4 mil reais. E lembrando que em 2020 nossa moeda ainda ensaiava bater 5 reais para com o dólar, enquanto hoje estamos ensaiando o dólar a 6 reais. Economicamente estamos ainda pior. E os consoles ainda são pesadamente taxados, mesmo com o lançamento, venda e licenciamento oficial.
Então sim, o Nintendo Switch 2, assim como qualquer novo console lançado no Brasil, está extremamente caro. Só que esse não deve ser o ponto de reflexão. O que você precisa considerar é se, mesmo caro, existe bons motivos para se adquirir o console nesse momento. E talvez não. Depende de algumas ponderações de cada interessado.
Primeiro, Mario Kart World é um título de grande interessa pra você? Donkey Kong Bananza também? Se estes dois jogos tem um peso muito grande para você, e dinheiro para um novo console não é um grande sacrifício ao seu orçamento, acredito que sim, vale começar essa nova fase da Nintendo desde o seu lançamento. Porque estes são as duas grandes estrelas desse momento de lançamento do console, sendo que um destes títulos só vai ser lançado em algumas semanas.
Tenho a sensação de que jogos de desenvolvidos por demais estúdios independentes (thirdies) não oferecem nada de impactante ao lançamento do Switch 2. Há muitos títulos que sim, estreiam em uma plataforma da Nintendo, como Yakuza 0, Sonic x Shadow Generations, Split Fiction, Street Fighter 6 ou o já mencionado Cyberpunk 2077, contudo, são títulos que estão presentes em outras plataformas. Não são exatamente jogos inéditos.
Nesse aspecto, fiquei com a sensação de que faltou um agrado dos estúdios em criar experiências inéditas para a janela do lançamento inicial de um novo console. Ficou mais um sentimento de “ah, temos isso que não colocamos na sua plataforma, toma aí.” Não é sem motivo que os grandes astros dos consoles da Nintendo são títulos produzidos pela própria empresa.
E não estou querendo diminuir a importância destes títulos, claro. Não são todos os jogadores que possuem mais de um console entre os atuais do mercado, e portanto, é sim importante que estes títulos cheguem ao novo console. Mas essa não é uma conversa sobre isso, mas sobre os motivos pelo qual adquirir um novo (e caro) console e quais seus reais benefícios, e acredito que boa parte disso precisa envolver novas experiências em jogos, juntamente com títulos já conhecidos, e alguns repaginados, com suporte a tecnologia do novo console.
Ou seja, os jogos thirdies relançados e adaptados a nova plataforma não são um problema, e nem são ruins, mas não são o suficiente para fechar essa conta. Fica a sensação de que está faltando algo.
Consigo concluir que o Nintendo Switch 2 não é exatamente um console que chamaria de “aquisição momentânea obrigatória“. Se você é um grande fã de Mario Kart, com certeza o novo título da franquia é um ponto alto para correr atrás do novo console. É um jogo que dá para passar meses brincando, se divertindo, explorando e competindo, especialmente nos modos online. Só que nesse momento, é isso que o console vai ter de melhor a oferecer.
Claro que estou pensando no jogador que já possui um Nintendo Switch e está pensando em fazer a transição para o novo console. Dá para esperar alguns meses, talvez até o natal deste ano. Até porque, agora, a pré-venda no Brasil esgotou o estoque dos aparelhos por aqui, que venderam tudo, a Nintendo está celebrando vendas globais de 3,5 milhões de consoles vendidos.
O que é maravilhoso não só para a empresa, mas também para a base de jogadores, pois isso certamente irá acelerar os estúdios a criarem mais títulos para esse sucesso em vendas. A segunda janela de lançamentos deve ser mais impressionante do que esta janela de lançamento. Ao menos é o que eu apostaria.
Agora se você está em um cenário diferente. NUNCA teve um Nintendo Switch e sempre quis ter. Talvez adquirir um Nintendo Switch 2, se você tem condição financeira para arcar com o preço atual, seja o melhor dos mundos. Você tem um console pronto para receber novos jogos que estão vindo nos próximos meses, e já tem uma farta biblioteca de grandes títulos do console anterior, para ir preenchendo seu tempo até o próximo exclusivo. Neste caso, você sequer precisa gostar de Mario Kart.
Vai jogar The Legend of Zelda: Breath of the Wild e ser feliz, sabe? Nesse sentido, é um excelente momento para retornar para o Mundo Nintendo. Trata-se de um console com alta definição de imagem, com controles que agora condiz com o tamanho das mãos das pessoas, com um tremendo dispositivo para suporte portátil, com uma performance de qualidade, que vai suportar jogos de duas gerações de consoles, vasta biblioteca de clássicos e diversos jogos de peso de thirdies, isso pra não esquecer a grande biblioteca de indie games. E tudo isso, nunca aparelho que vai entregar excelência na experiência de jogo, esse é o ponto.
Você ainda pode ter um Nintendo Switch, aposto que a Nintendo vai ficar feliz de continuar vendendo seu console antecessor, mas nesse ponto da jornada, já vai no dispositivo que entrega a melhor qualidade e melhor experiencia. A menos que você não possa pagar por ela, é claro. E nesse sentido, é totalmente compreensível senão puder. E quem é brasileiro, entende muito bem que essa é a realidade de muitos.
O Nintendo Switch 2 não é uma reinvenção em comparação com outras gerações e consoles que a própria Nintendo desenvolveu ao longo de décadas. Na real, o nome com número sequencial, algo que a empresa nunca fez, deixa bem claro que o console é um sucessor natural, mantendo toda a ideologia do primeiro console. É sua evolução, não é outra coisa, outra proposta, outra ideia. É o Nintendo Switch, mas evoluído, crescido, compatível com o atual mercado de jogos. Melhor processamento, melhor usabilidade, melhor potencial visual, melhor experiência de jogo. Refinado, aprimorado, amadurecido. Isso é o Nintendo Switch 2.
Galeria
Dando nota
Design elegante, preto dá um ar mais maduro, soa menos como um brinquedo - 9.5
Aumento do tamanho o torna mais ergonômico, melhor para segurar e jogar - 10
Tela do console entrega alta qualidade de imagem e uma excelente resolução para um dispositivo portátil - 10
Mesma interface facilida a usabilidade, mas ainda dá uma sensação de que falta deixar o usuário personalizar sua Home - 8
Performance nos jogos cumpre o que promete e deixa o console equiparado aos concorrentes da geração - 9
Preço ainda é uma grande barreira dentro do (inflacionado) mercado brasileiro - 7.5
Toda a biblioteca do Nintendo Switch original está rodando com muito eficiência - 9
Mario Kart World é o grande (e único) astro do lançamento do console - 9
9
Incrível
Nintendo Switch 2 é, em sua essência, a evolução do Nintendo Switch original, elevando a experiência ao próximo nível. O novo console entrega um design elegante, mais ergonômico e mais adulto, mas que ainda consegue encantar qualquer idade. Também entrega performance e qualidade visual que consegue competir com os atuais consoles da geração. Seu preço de lançamento ainda é uma grande barreira ao consumidor brasileiro, claro. E é um aspecto que pesa mais com o fato de Mario Kart World ser o único título que brilha com excelência neste momento. Outros games virão, mas enquanto isso, talvez seja possível segurar a ansiedade.