Análise | Battlefield 6 – Campanha (Single Player)

Disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S & PC

Battlefield 6 surge incisivamente com uma provocação plausível, apresentando uma guerra em escala global motivada por um estopim que tem fortes inspirações com o que ocorre no mundo atual. Existe, claro, uma elasticidade entre real e ficção, necessária para um videogame, contudo, ainda assim, é sagaz o suficiente para soar pertinente. A guerra do futuro, pode muito bem já ter iniciado.

O lançamento do título ocorreu no último dia 10 de outubro, chegando somente para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC. Seu desenvolvimento foi realizado por uma colaboração de múltiplas equipes que atualmente são dentro da marca/grupo intitulado Battlefield Studios, e são compostos pelos estúdios DICE, Criterion Games, Motive Studios e Ripple Effect Studios.

A DICE, neste caso liderou todo projeto, enquanto também convém mencionar que a Ridgeline Games, fechada em 2024, também participou ativamente do desenvolvimento do jogo, especialmente da parte da campanha single player, a qual será foco desta análise.

Assim como muitos outros sites mundo afora fizeram, também achei pertinente dividir a análise de Battlefield 6 entre sua experiência single player e multiplayer. O jogo oferece um pacote enorme de conteúdo. Há a campanha, que dá o plot e ponto inicial em tudo, existe o multiplayer pago, com muitos modos clássicos, e um sistema próprio de progressão, assim como acabou de ser lançado, no dia 28 de outubro, a Primeira Temporada de conteúdo sazonal e até mesmo um modo Battle Royale gratuito. São muitos aspectos e vertentes para uma única análise. Então a divisão soa coerente e razoável.

E começar pela campanha faz sentido, pois o contexto dessa nova entrada na franquia é explicada por meio de seu modo single player, que abandona o estilo “War Stories” de Battlefield 1 (2016) e Battlefield V (2018), para trazer uma narrativa contínua, de personagens e de contexto de uma nova guerra que se escalou em nível global.

Antes de destrinchar mais isso, vale apontar que Battlefield 6 chega a todas plataformas apresentando localizado em nosso idioma, com inclusive direito a dublagem em português. Gostaria de dizer que está totalmente dublado, mas não é o caso. Existem pequenas inserções dentro da experiência do jogo, que estão apenas legendadas. Entretanto, a campanha, essa sim está totalmente dublada. Fique tranquilo quanto a isso.

Acredito que como a obra tem uma proposta de conteúdos sazonais e híbridos, existem cenas, apontamentos de universo, que acabam sendo inseridos em pontos diferentes do desenvolvimento, e portanto, não deve ter sido possível localizar tudo com dublagem. Nada que estrague a experiência, mas é válido mencionar isso.

O retorno de Battlefield

Não sou um grande fã de jogos de guerra, contudo, Battlefield sempre me despertou a atenção. No início por conta de suas explosões como isso moldavam os cenários destrutíveis, algo que teve início lá em Battlefield: Bad Company (2008). Isso construiu um dos principais pilares da franquia, e que se mantém presente até os dias atuais.

Depois disso, acho que a segunda virada pra mim veio com Battlefield 1 (2016), quando o jogo abre para uma experiência online de larga escala, com muito realismo, mas também preocupado em mostrar lados humanos das histórias de uma guerra histórica, no caso a Primeira Guerra Mundial. Depois, Battlefield V (2018) repete o mesmo feito, com um impacto um pouco menor, mas ainda assim de forma impressionante, usando a Segunda Guerra Mundial como palco histórico.

Apesar das Guerras Mundiais serem temas batidos (clichês) em jogos de guerra, gosto de como os dois títulos mencionados representaram ambos os momentos famosos, dando um pouco da dimensão de várias fronts, diferentes confrontos, sempre com o DNA da franquia, com explosões, destruição escalada. Sabendo humanizar, contextualizar e contar um pouco das histórias da época, e não só por suas campanhas, mas também pela representação visual dos ambientes, veículos e armas históricas.

Tudo bem, não estou dizendo que apenas Battlefield tem o cuidado com esse aspecto, não é isso. Mas por ser uma franquia com uma cadência mais sensata de lançamentos, é muito mais fácil de acompanhar.

Sinceramente, não dou conta todo ano de jogar Call of Duty, a qual a franquia pra mim generaliza demais a guerra, suas histórias e até mesmo a sua jogabilidade, fazendo parecer que todo ano é só mais do mesmo de sempre. Battlefield sinto que é diferente a cada novo ciclo, e é isso que me atrai sempre que cada jogo é lançado.

A crítica feita a CoD acima não é gratuita, pois quando olho para Battlefield 2042 (2021) vejo como uma tentativa não sucedida da franquia em ser mais como Call of Duty. Ausência de campanha single player, jogou a guerra num “evento futuro” com uma motivação também genérica (eventos climáticos e escassez de recursos para sobrevivência humana) e apostou no multiplayer como serviço, conteúdos sazonais e rapidamente foi esquecido.

Com isso em mente, já dá para dizer que Battlefield 6 é tudo que Battlefield 2042 não foi. E isso é excelente. Aqui retomamos a experiência dividida em single player e multiplayer. Os arquétipos clássicos do multiplayer também foram retomados, sem especialistas, e com o retorno das quatro classes básicas, e a escala de modos e mapas segue muito mais a base estabelecida em Battlefield I e V do que 2042. Mas isso é sobre multiplayer, e abordarei mais sobre o mesmo em um segundo texto, em outra ocasião.

A comparação que preciso fazer aqui é sobre o ponto narrativo, e que motiva a existência de todo o jogo, da experiência de campanha e de como isso reflete e compõe o multiplayer, assim como do próprio conteúdo sazonal. Um dos grandes pontos positivos de Battlefield 6.

2027 é o amanhã inspirado no hoje

Recriar guerras que existem na história da humanidade é simples, porque a composição já existe. Você sabe o resultado, quais os locais, veículos e armas usadas. Quais países participaram, quais táticas foram utilizadas. A receita do bolo já existe. Se o desenvolvedor vai saber cozinhar corretamente é outra história, claro. Só que tudo mundo quando um jogo de guerra tenta imaginar algo novo, seja no futuro distante, seja no amanhã do atual presente. Aí é que as coisas começam a ficar interessante.

Dito isso, quero voltar a Call of Duty por um segundo. Posso ter soado duro com a franquia mais acima, contudo, há duas entradas na série que aprecio muito: Modern Warfare (2007) e Advanced Warfare (2014). O primeiro porque ele também insere um contexto de guerra quase num presente moderno (da época) e insere a experiência cinematográfica que ditou os parâmetros dos jogos de guerra que vieram depois do jogo, com o jogador morrendo pelo impacto de uma ogiva nuclear que nem era esperada que fosse explodir, quebrando a expectativa de tudo até então.

Já o caso de Advanced Warfare, pra mim um dos últimos CoD que realmente me impressionou em questão de contexto argumentativo, faz um exercício criativo de jogar jogar a guerra num futuro, não discutindo política ou rixas entre países, mas colocando o viés da evolução da tecnologia e da ciência, dentro do contexto militar. Como a tecnologia moldaria a guerra num futuro. Sim, era pura ficção científica, mas ainda com um pé no chão. Exoesqueletos, drones, soldados com assistência de IA e afins.

Tecnologias que, olhando para 2025, tem o viés de “pode estar acontecendo“. Não só isso, mas Advanced Warfare também discute o poder exacerbado por corporações militares privadas, algo que Battlefield 6, agora também resolve cutucar, mas com uma argumentação mais focada no atual presente, e sem depender da ficção da guerra do futuro tecnológico, criando assim um novo resultado narrativo, tão interessante quanto!

Para entender, preciso dar o contexto. Battlefield 6 se passa entre meados de 2027 e 2028, daqui poucos anos. Nesse ponto narrativo, temos um planeta dividido, quando a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) passa por sua maior crise desde sua criação, enfraquecendo o elo entre aliados, e colocando o mundo a mercê de um grupo armado privado, chamado “Pax Armada” (o que parece ser uma alusão a histórica “Pax Romana“).

Como pode algo assim acontecer, quem são os responsáveis e quais locais serão atingidos… bem, isso é parte do que a campanha single player quer lhe apresentar. A narrativa não é tão focada nessa ideia geopolítica envolvendo a OTAN, mas de um pelotão de soldados que foi mandando ao combate, e acabam entendendo o turbilhão de caos em que se meteram e quem talvez são os agentes ocultos em todo esse cenário. A história é hollywoodiana sim, mas tem pontos bem interessantes.

A ideia de colocar a OTAN, uma organização que regula um pacto de não armamento, de paz, e de não mexer com países aliados para não haver retaliação, é condizente com o mundo atual. A Rússia entrou em guerra com a Ucrânia porque o país queria integrar a OTAN.

A Pax Armada é uma organização militar privada, não filiada a nenhuma nação, sem pátria. Pregando que a paz será conquistada a força, eliminando nações imperialistas que se acham donas do planeta. Temos visto algo de menor proporção com o conflito de Israel com Hamas, que acabou sendo isolada na Faixa de Gaza, pregando, através da violência, a criação de um Estado (País) Palestino.

Não estou dizendo que Battlefield 6 está fazendo referências diretas ou críticas a estes conflitos reais. Estou dizendo que a sua ficção é crível num cenário atual real, colocando proporções bem mais fantasiosas, até o ponto em que você pode se perguntar o quão fantasiosas elas podem ser. E é quando um jogo faz isso que ele me conquista. Deixar o jogador com a pulga atrás da orelha, usando um bom argumento.

Em grande parte da campanha, o jogo não discute exatamente sobre a OTAN ou como tudo isso levou a guerra. O jogador é levado a participar de conflitos causados por tudo isso, precisando lidar com invasões, fugas, resgates, perda de companheiros, testemunhar a dimensão de uma guerra em cenários, e em uma escala crível ao mundo atual. O plot é interessante, e gosto muito disso, ainda que pouco aprofundado (e talvez nem precise dentro do jogo).

Há alguns momentos que soam impressionantes, mas só porque foram bem roteirizados, como uma explosão de um famoso ponto de Nova York ou uma guerra de tanques militares com as Pirâmides do Egito ao fundo do cenário. Contudo, o desfecho final da campanha, com a revelação e a discussão do pelotão quanto ao que fazer diante do cenário que eles se colocaram… me deixou sem fôlego. Tensão digna de cinema.

Cenários da Guerra

Em termos de jogabilidade, a campanha de Battlefield 6 faz um belo serviço de apresentar tudo que também estará presente nos muitos modos multiplayer do jogo, incluindo ação em terra e veículos, assim como demonstrar as diferenças entre as quatro classes de soldados, enquanto explosões cinematográficas, destruição em escala programada e a ação em diversas missões para dar ao gameplay uma sensação de adrenalina constante, que é o que se espera da franquia.

Diferente dos capítulos e protagonistas isolados do que fora utilizado em “War Stories” de Battlefield 1 e V, desta vez a trama aqui é única e contínua, ainda que não siga o padrão de uma linha do tempo linear. Na verdade, há uma trama geral de conspiração acontecendo, enquanto os protagonistas (o pelotão principal) está relembrando o que passaram para chegar ao ponto em que a trama se inicia.

Assim o jogador tem conhecimento de cada um dos membros desse pelotão, envolvidos na linha de frente do conflito global enfrentado no jogo. Somos apresentados a diferentes momentos e locais da guerra, sobre a perspectiva de alguns dos membros desse grupo, quase sempre liderado pelo Sargento Engenheiro Dylan Murphy. Outros dois personagens que se destacaram pra mim foram a Sargento de Reconhecimento (sniper) Simone “Gecko” Spina e o Agente de Operações da CIA Lucas “Hemlock”.

Gecko tem todo um estágio que é muito divertido para jogadores que curtem a classe de sniper. Há diversas situações em que se deve atuar a distância, usando o rifle de longa distância para personagem para dar suporte aos esquadrões que estão lidando com o combate em curta distância. Hemlock me chamou mais a atenção próximo do final do jogo, mas não por sua jogabilidade, mas pelo temperamento dentro da narrativa.

Contudo, em boa parte da campanha, o jogador irá lidera um pelotão de até quatro membros, podendo delegar certos comandos a cada um dos membros. Por exemplo, quando Gecko estiver no seu grupo, é possível pedir para que ela faça o reconhecimento e lhe indique onde os inimigos estão. Existe um membro que pode atirar granada, outro que pode criar uma cortina de fumaça (o que lhe ajuda a se reposicionar) e outro que pode destruir certos pontos de acesso (mas essa opção é a menos frequente entre as missões dos capítulos, sendo permitindo pontualmente em pouquíssimas situações).

Essa dinâmica de gerenciar ordens, também serve para demonstrar como a comunicação é importante, principalmente quando o jogador for para o multiplayer. As ordens táticas, por mais simples que sejam, são importantes e dão personalidade aos confrontos single player. O ritmo é diferente quando se batalha num cenário sem dar qualquer ordem, e quando se está delegando e coordenando o fronte. Os NPCs que lhe acompanham ainda vão ajudar bastante, mesmo sem ordens, mas é diferente quando o jogador está delegando, pois é ritmo ao combate, não se tem a sensação de ser um “exército de um homem só“.

Quando não se está em missões solo a pé, invadindo áreas urbanas, ilhas ou esconderijos, o jogador está dentro de veículos, de jipes com metralhadoras a tanques de guerra. No melhor estilo que a franquia Battlefield tem a promover. Em certas ocasiões é você quem irá dirigir e atirar, em outras irá apenas atirar, enquanto um NPC irá guiar o veículo em uma sequência roteirizada de tirar o fôlego.

E claro, existem os momentos singulares, como um estágio a noite, quase todo na visão com óculos noturnos (tela verde), onde você anda por esgotos e se esgueira entre civis, sem alertá-los de sua presença. É um estágio tenso, com uma boa pegada furtiva. Em outro momento, você encara uma invasão através do mar, em uma embarcação militar, podendo atirar e destruir outras embarcações rivais. É uma sequência curtinha, mas de alto impacto visual.

Há situações com drones militares, usando mísseis teleguiados em terra, inclusive para caçar jatos no céu, pulando de um avião, o que dá uma grande imersão sobre o tempo que leva um salto acima das nuvens. A campanha tem muitos elementos imersivos de uma guerra em larga escala.

No aspecto da destruição, existe todo um estágio em Nova York, onde o jogador precisa invadir prédios e apartamentos, que é bem impressionante o elemento de destruir paredes de apartamentos para chegar a outros cômodos. Em certa situação, até mesmo o chão entre andares é destruído, e dá a chance do jogador eliminar hostis atirando diretamente do andar acima, sem uso de escadas. Mesmo com bastante roteiro, esse estágio é muito interessante como um laboratório experimental do que a franquia poderia fazer com maior frequência. É um mecânica que sustentaria fácil um jogo inteiro só com esse conceito de invadir e abrir caminho pela destruição.

Ainda na parte de destruição e impacto visual, gosto do estágio que se passa no Egito. Em certo momento o jogador é levado a entrar num centro urbano com um tanque de guerra, e destruir prédios que estão lhe atacando. A destruição massiva é toda roteirizada, ou seja, não posso destruir o que não foi programado para ser destruído (ou seja, onde não há inimigos), mas ainda assim, onde se pode destruir, é impressionante. Em certo momento da campanha, você está dentro de um prédio que tem toda sua lateral destruída, mudando completamente o ambiente, em outro um prédio inteiro cai na sua frente. São momentos que impressionam demais.

A campanha de Battlefield 6 não tem uma duração longeva, dura em torno de 7 a 8 horas, podendo esticar um pouco mais para jogadores que ficarem correndo atrás de tags colecionáveis, ou testando diferentes níveis de dificuldade. E acredito que ter estes elementos são importantes para esticar a própria cauda de replay.

Na minha sincera opinião, a campanha dura exatamente o que se espera que dure. Quando acabou, me senti satisfeito, sem aquele sentimento de “querer mais”, e muito menos com a sensação contrária, de “até que enfim acabou”, como muitos jogos se esforçam para ter essa gordura, que os faz durar mais do que devem, causando cansado e fadiga ao jogador. A campanha dura o suficiente para você sentir que o rolê valeu a pena. Até porque, uma vez concluída, ainda há um farto modo multiplayer para se explorar.

Ainda pensando em como revisitar as missões pode ser diferente a cada ocasião, penso que é interessante mencionar que, apesar de não ser possível selecionar o personagem ou sua classe, antes de cada missão, todo o estágio apresenta opções de armamentos ao jogador. Inimigos deixam cair suas armas, assim como diversas armas diferentes estão espalhadas por todo o ambiente de cada estágio. Munição também nunca é um problema. Há muitas espalhadas, e seus companheiros de equipe ainda lhe dão munição quando percebem em meio a ação que você está ficando sem e não tem como encontrar mais. Enfim, é possível trocar seu arsenal e jogar de maneiras diferentes.

E sabe o que também é interessante e até bacana que tenha sido desenvolvido desta maneira? O jogador ao instalar Battlefield 6 em sua plataforma escolhida, o fará em várias etapas, em arquivos de multiplayer e single player. Ainda que o jogo seja iniciado num único ícone no console ou PC, é possível deixar parte dele desinstalado para lhe poupar espaço. Vai jogar a campanha primeiro? Instale só ela. A terminou e não vai mais jogar? Instale somente o multiplayer.

Pensando nos consoles atuais e no tamanho de muitos jogos, ter a opção de desinstalar parte de um conteúdo de um jogo, justamente a modalidade a qual você já terminou e não vai mais explorar com frequência, é uma maneiro muito inteligente de lidar com jogos enormes, em armazenamentos limitados.

Considerações finais

Neste primeiro momento, apesar de estar pensando em Battlefield 6 apenas em sua campanha single player, já consigo dizer que foi uma das experiências mais divertidas desse ano. Não digo que é uma campanha épica e ímpar, mas é concisa, visualmente interessante, mas o que mais me chamou a atenção foi seu argumento geopolítico. Jogos que criam uma conversa, que são inteligentes, merecem esse tipo de recomendação.

Acredito que fazer o exercício de imaginar uma guerra iminente no mundo, ainda que extrapole a ficção em muitos pontos, ou deixe tantos outros vagos, há uma inflexão interessante quando se coloca a OTAN sendo desacreditada, perdendo confiança global e mexendo na pólvora que são estes tratados de paz entre aliados que acordam que são amigos se ninguém se meter no vizinho um do outro.

Claro que toda essa conversa é feita de forma tímida, pois é deixada de lado durante a execução da jogabilidade, porque o que o jogador quer é explosão, tiro e caos. Mas isso não é um problema, não para um videogame. O fato dela apenas estar pontuada, pra mim já é o suficiente. Jogos de guerra podem ser inteligentes, assim como os já mencionados Battlefield 1 e V, e os concorrentes Modern e Advanded Warfare. São jogos onde a guerra e a violência não são gratuitas. Há um peso de reflexão histórica, mesmo que acredito que a grande maioria sequer se dê conta.

Deixando a filosofia de lado, e passando a olhar dados mais técnicos, Battlefield 6 cumpre o que promete: um jogo com gráficos da atual geração, com ambientação rica em detalhes, realismo, e que impressiona pelos detalhes cinematográficos feitos em tempo real do decorrer da jogabilidade. Sonoplastia idem, explosões, tiros e até mesmo a dublagem. É jogo cinema? Sim, é.

Na parte da jogabilidade, também só tenho elogios. Os controles não são complicados, e respondem muito bem. O DualSense no PlayStation 5 dá seu show em momentos pontuais, seja com o som saindo do controle ou dos gatilhos responsivos. Porém, o mais importante é que tudo é bem intuitivo, seja durante troca de armas ainda não utilizadas ou quando os controles mudam para os veículos. É fácil controlar, sem se sentir um soldado inútil.

Sinceramente, não sei se tenho críticas a fazer para a campanha single player de Battlefield 6. Sim, o final da campanha não encerra a narrativa iniciada, ficando com cara de “é isso que podemos entregar nessa temporada“, contudo, acho que o desfecho é satisfatório ao que se propõe dentro do ponto em que a história tem quando iniciada. Mas sim, eu gostaria que uma nova campanha, com novos desfechos, fosse criada. Se o multiplayer vai sanar isso, bem, ainda é uma discussão para se observar.

Ainda pensando no lado das críticas, acho que poderiam haver mais colecionáveis ou uma galeria com detalhes das tags coletadas. Nesse sentido, os itens encontrados no jogo são bem sem sentido, sem contexto. Assim como acharia maneiro alguns extras com vídeos documentários com os desenvolvedores. O jogo não encontra muito espaço para isso. E é só.

Encerro o texto dizendo que Battlefield 6 entrega uma campanha competente. Repleta de ação, explosões, com muita diversidade de cenários e situações. O DNA da franquia se faz presente aqui, bem diferente do que ocorreu com Battlefield 2042. Existe escalada de guerra, cenários amplos, bastante destruição procedural, assim como momentos propositalmente claustrofóbicos. Jogabilidade entrega dinamismo e ritmo, colocando o jogador em diferentes momentos de gameplay, com variedade. É curto, mas dura o suficiente para te deixar animado para levar toda essa injeção de ânimo e imersão de guerra global, diretamente para o multiplayer.

Galeria

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Gameplay *via nosso canal no YouTube

Dando nota

Apresenta um ponto de argumento narrativo inteligente e com perspicácia, justificando bem uma guerra de escala global - 9.5
Ao longo da campanha, o roteiro deixa a geopolítica de lado e se volta aos personagens e o conflito de momentos, entretanto o desfecho volta a fazer ótimas ponderações - 8
Jogabilidade com grande variedade de situações, confronto a pé, em veículo, em diversas localidades, a ambientação nunca fica enjoativa - 9
DNA da franquia se faz presente, com explosões, caos, destruição de elementos de cenários, ainda bem roterizado - 8
Roda de ordens táticas é interessante, pena que sejam limitadas a um tipo de comando por NPC - 7
Localizado em nosso idioma, com dublagem em português cria o ideal de imersão - 9
Dura exatamente o tempo que deve durar, não arrasta demais, contudo, alguns podem sim achar uma experiência curta - 8

8.4

Explosivo

Battlefield 6, olhando apenas para uma experiência single player, entrega tudo que promete, mantém toda a estrutura tradicional da franquia, explosões, veículos, destruição e variedade de cenários de guerra, envolto em uma narrativa que convence, e entrega um bom argumento sobre as fragilidades de um estopim de uma guerra global em nossa atual realidade. É uma experiência que funciona tanto de forma cinemática, quanto na experiência interativa de um videogame. Serve como um ótimo ponto de contexto, antes de adentrar nos diversos modos competitivos online. É uma experiência que satisfaz e tem seu impacto muito bem idealizado.

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