Opinião | Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D.

A sorte de uma série amarrada com o universo dos filmes…

Antes de começar, preciso alertar que esse texto é uma opinião preliminar sobre a nova febre da temporada atual das séries americanas. Ainda acho cedo julgar um seriado apenas com dois episódios exibidos (na data que escrevo essa matéria em algumas horas deve ser exibido nos Estados Unidos o terceiro episódio), porém já é possível esboçar algumas críticas e refletir sobre o formato criado para a história da série.

Spoilers? Se tiver serão mínimos. Nada que vá estragar a sua surpresa ao assistir estes dois primeiros episódios. Acho até que vale ver eles com esse olhar mais crítico do que as cegas, com aquela expectativa altíssima na qual duvido que você vá ficar satisfeito por completo depois terminar de ver sobre o que é Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D..

Esperar uma coisa e receber outra é um porre e de fato foi isso que aconteceu já no primeiro episódio do seriado. A série não é sobre super heróis do segundo escalão da Marvel. A série é sobre o agente Phil Coulson e sua “turminha do barulho” resolvendo casos e mistérios que apenas a S.H.I.E.L.D. poderia lidar. Mas isso não significa necessariamente descobrir novos heróis para possíveis filmes no cinema. Talvez a série trate disso em algum momento no futuro, mas se for esse o caso, caímos no velho problema do formato de seriados americanos com uma temporada com muita encheção e linguiça e poucos momentos realmente imperdíveis.

O piloto já dá um ar de que existe sim uma trama geral que vai se desenrolar com o passar da temporada, que é exatamente o que aconteceu com Coulson após sua morte no filme dos Vingadores e como ele voltou a vida. Clonagem é um dos meus primeiros chutes, mas num universo de super heróis e alienígenas e até mesmo magia, qualquer outra coisa ainda vou achar válido. Será que essa é uma trama que segura um plano geral da série? Phil Coulson é realmente um personagem tão maneiro assim?

Aí vem o que realmente me desanimou, a elenco de personagens que definiram para ajudar Coulson em suas missões. Grant Ward, um agente que se acha demais e não sabe trabalhar em equipe, Leo Fitz e Jemma Simmons, dois cientistas mirins, talvez jovens demais para atuarem em campo e atrapalhados porque a série não pode ser séria demais e precisa daquela graça, Melinda May, que na minha opinião é a melhor personagem da série até o momento, uma ex-agente de campo no nível de uma  Natasha Romanoff (Viúva Negra), mas que tem um passado perturbador e não quer mais trabalhar em campo e, por fim, Skye, uma civil e recruta do time de Coulson, serve de orelha para o telespectador, mas ela também possui algumas tretas com sua afiliação da Maré Crescente, grupo que… bem, quem realmente se importa com o que eles são? São como rebeldes que querem que a S.H.I.E.L.D. parem de esconder tudo que acontece no mundo que diz respeito a super-heróis e ameaças anormais.

Os personagens são bem estereotipados, o que é uma pena. Não há muita sutileza, dualidade ou até mesmo a maturidade como alguns dos elencos da S.H.I.E.L.D. são apresentando no universo dos filmes. E não me entenda errado, pois não esperava os personagens do filme sendo escalados para a série, mas esperava uma construção menos clichê , como o agente fodão galã ou a dupla de adolescentes nerds com robozinhos voadores investigativos. Há uma forçação de barra grande nas interpretações, exageros desnecessários, e cenas de ação onde tudo segue um ritmo de poses e danças, parece ensaiado demais, sem espontaneidade, criatividade ou originalidade. No geral você pensa “já vi cenas assim em outras séries de ação“.

Positivamente a série tem momentos agradáveis. No piloto temos a personagem Maria Hill, que apareceu nos filmes dos Vingadores, enquanto no segundo episódio o próprio Nick Fury faz uma aparição engraçadíssima. São personagens de impacto que dão um ar todo diferente para a série, mas em cenas curtas e momentâneas. Espero que com o fim de How I Met Your Mother a atriz Cobie Smulders possa voltar mais vezes e com maior frequência para interpretar a Maria Hill. É uma personagem que se encaixaria muito melhor do que o tal Grand Ward, ao menos nesse início de série. Fico na dúvida se alguns desses personagens da série participarão em alguns momentos, mesmo que pequenos, dos próximos filmes das Marvel.

E essa é outra vantagem da série: o universo integrado e único criado pelos filmes. Citações podem ser feitas a qualquer momento, easters eggs pipocam aos mais atentos, algumas tramas paralelas dos filmes podem servir de plot para algum episódio (como o piloto remete ao Homem de Ferro 3) e até mesmo os atores e atrizes dos filmes podem fazer pequenas participações especiais. É exatamente esse o fator que fará muitos continuarem assistindo Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D. na minha opinião.

Mas realmente é decepcionante num primeiro momento ver como o elenco é piegas e como a série tem um formato tradicionalista demais do modelos de séries americanas. Faltou ousadia e criatividade ao lidar com um projeto com um potencial tão grande. E olha que a série tem o dedo de Joss Whedon, que é um cara que sabe o que lidar essa mídia (Buffy, Angel, Firefly). A minha esperança é que a série vá se acertando conforme os episódios forem sendo produzidos e o feedback dos fãs forem chegando nas mãos dos criadores do show.

Porque se for olhar o que já existe na TV americana atualmente Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D. não é tão diferente assim de um Castle ou Werehouse 13 ou Alphas (que acabou) ou Bones ou Alias (lembra dessa?) tantas outras séries, algumas polícias, algumas de ficção, que seguem esse formato de personagens com estereótipos exagerados, uma missão padrão por semana, enrolação por metade da temporada para uma resolução de fundo e situações clichês e momentos forçados. Falando em forçar a barram, o segundo episódio mesmo teve um assim quando Skye abre um bote inflável para tapar o rombo causado por uma explosão no gigante avião da S.H.I.E.L.D. … tá certo isso produção? Um bote inflável pode resolver esse tipo de situação? Não colou pra mim, mesmo que isso realmente seja possível…

Concluindo: Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D. vale a chance de acompanhar estes primeiros episódios, graças ao universo integrado aos filmes da Marvel. Porém a série ficou longe de conseguir causar o impacto de sériee como Lost, Prison Break ou 24 Horas conseguiram alguns anos atrás, explodindo miolos e criando novas narrativas para um formato americano cansado da mesmice. Poderia ter tido esse impacto, mas de cara não conseguiram. Mas isso não é motivo para não ver. No geral vai valer pela diversão e pelo complemento a um universo tão rico que a Marvel genialmente criou fora de seus gibis.

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2 Comentários

  1. Fico feliz de não ter um uso excessivo de personagens com poderes especiais, acho que se tivessem acabaria ficando com efeitos meia boca e ninguém gosta de ver isso. O terceiro episodio me pareceu melhor e ando gostando de ver a cenas finais de cada episodio.

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