Tartarugas Ninja atacam a TV mais uma vez! (Crítica)

Nova série na Nickelodeon

Nova série já começa bem!

Quando crianças, dificilmente paramos para pensar se aquele objeto de nossa admiração tem lógica ou não. O que importava era a diversão, horas! As Tartarugas Ninja são o maior exemplo disso: são quelônios mutantes que lutam, foram treinados por um rato, moram num esgoto, adoram pizza e têm uma jornalista como melhor amiga. Difícil ser mais aleatório! Mais difícil ainda era sair algo bom dessa mistura toda. E eu sei que as Tartarugas apareceram pela primeira vez nos quadrinhos e tinham um teor bem adulto, mas acredito que a maioria de nós teve seu primeiro contato com elas graças ao clássico desenho animado – aquele lá, que durou quase dez anos.

Olhando em retrospecto percebemos que aquela série nem era tããããão boa assim. As cenas de ação eram fraquinhas e o humor era pastelão demais. Mas ela cumpriu o seu papel e apresentou as Tartarugas a uma quantidade enorme de pessoas que não chegou a conhecer os quadrinhos. Depois dela, com a popularidade já estabelecida, a franquia pôde alçar ares mais altos. Com isso surgiram vários produtos baseados na franquia – uns bons, outros nem tanto e alguns péssimos (impossível lembrar de The Next Mutation sem morrer de desgosto). But don’t worry! Essa nova série feita pela Nickelodeon tem tudo para agradar até mesmo os fãs mais cascudos das TMNT!

A primeira coisa que me chamou a atenção nessa nova série foi a caracterização de cada personagem. Se nos quadrinhos originais (aqueles em preto e branco) a única forma de diferenciar cada tartaruga logo de cara era pelas armas, e nas versões subsequentes as responsáveis por isso eram as cores das bandanas, aqui as próprias características físicas dão pistas da personalidade de cada um. Rafael tem uma lasca de casco faltando, o que transparece seu caráter mais violento; os olhos de Leonardo são mais amplos que os das outras tartarugas, significando que ele está sempre de olho no que acontece ao redor, e olhando sempre além de si mesmo; Donatello tem o corpo mais franzino do grupo, característica comumente atrelada aos aficionados por tecnologia; e Michelangelo é claramente retratado como o caçula da equipe (embora eles tenham tecnicamente a mesma idade), fato evidenciado pelas suas marquinhas no rosto e pela sua bandana, que é mais curta que a dos outros.

Falando em idade, não me lembro de nenhuma outra adaptação da franquia que levasse a sério o lado adolescente das Tartarugas Ninja – está no nome original delas, afinal! Teenage Mutant Ninja Turtles! Essa animação da Nick resolve deixar bem claro que elas são bem jovens (nesse primeiro episódio, elas comemoram o décimo quinto “aniversário de mutação”), e portanto, inexperientes. Na sua primeira ida à superfície, nossos jovens heróis se impressionam facilmente com a quantidade de possibilidades ao seu redor, tal qual crianças num parque de diversões – impagável o momento em que Michelangelo se encanta com a vitrine de cartomancia, ou quando eles provam a tão adorada pizza pela primeira vez. É a partir desse maior foco na adolescência dos quatro protagonistas que outro personagem importante ganha uma interessante repaginada: o Mestre Splinter. Antes retratado apenas como um mentor de artes marciais, Splinter enfim é visto como pai das tartarugas, e sua autoridade é demonstrada pela clara diferença de estatura (nas outras animações, o mestre chegava a ser até menor que seus discípulos) e pelo físico mais corpulento.

Outros dois pontos que também me agradaram bastante foram a as homenagens que o episódio fez e a maneira como o humor foi empregado. Sempre que vemos a cidade de longe – seja no fundo do cenário ou numa tomada que capte toda ela – o que é mostrado na tela não é algo feito tridimensionalmente num computador, mas sim um desenho 2D tradicional. Encarei isso como uma homenagem às origens bidimensionais das TMNT, nos quadrinhos feitos por Peter Laird e Kevin Eastman. Ainda sobre homenagens, clique aqui e assista a abertura da nova série. Assistiu? Então com certeza você reparou nas semelhanças com a abertura da antiga animação de 1987, como o refrão (“heroes in a half shell… TURTLE POWER!“) e o fato de que a música apresenta as principais características de cada tartaruga (uma sacada genial pois informa o básico mesmo para quem nunca viu sequer um episódio). Então entra mais uma ótima sacada: a música de abertura dessa nova série encaixa perfeitamente com a abertura da série original! Duvida? Pois então se liga no vídeo abaixo e comprove! Para mim, essa foi a prova de que as Tartarugas estão em boas mãos, e que esta nova série está sendo feita por verdadeiros fãs que sem dúvidas amam o que fazem.

Também há uma singela referência a Star Trek, que aparece no novo TMNT como Space Heroes, seriado do qual Leonardo é fã e de onde ele tira suas inspirações como líder de um personagem que é a cara do Capitão Kirk. Quanto às tiradas humorísticas, é muito bom ver que abandonaram o estilo pastelão da série original e agora o humor é explorado a partir da personalidade de cada um. Sendo assim, ri ao ver Leonardo falhando em suas primeiras tentativas em agir como líder, da mesma forma que ri das várias trapalhadas do infantil Michelangelo. Só ainda olho meio torto quando algumas expressões dos personagens usam traços excessivamente japoneses  – achei um pouco destacado demais do conjunto, mas creio que seja questão de costume.

Aparentemente as Tartarugas não terão descanso ao longo dos 26 episódios que farão parte da primeira temporada. Só nesse primeiro episódio tivemos a presença dos Kraangs, de um ser mutante resultado do Ooze, e do próprio Destruidor! A série estaria se adiantando demais ao colocar tantos vilões num episódio só? Talvez, mas também significa que os roteiristas estão cheios de boas ideias! Sem contar que quanto mais vilões, mais cenas de ação teremos. E quem não gosta de ver quatro tartarugas ninjas desmembrando robôs e mutantes maléficos?

O próximo episódio sai amanhã, e enquanto a hora não chega vou ali comemorar comendo uma pizza. Kowabanga!

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